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sábado, 9 de junho de 2012

Acordar

O vendaval intensificou-se e, num redemoinho em espiral, sorveu tudo por onde passou, aniquilando, sem piedade nem remorsos, vidas, esperanças, sonhos.
Há muito que os indícios – despercebidos para a maior parte - apontavam para o desfecho que ninguém ousava sequer pensar, tal a força devastadora que ameaçava emergir da tempestade.
Na ignorância de muitos e no fingimento de poucos, vivia-se na abundância, mera quimera, utopia enganadora com prazo marcado.
Teciam-se planos, rendilhavam-se ilusões e o futuro imaginava-se tranquilo e risonho.
Sem mais, a realidade impôs-se: dura, preocupante, desesperante. O acordar para a verdade tragou, na força da enxurrada, vontades, certezas, quereres.  
Nos rostos marcados, nos espíritos doridos, vincados de rugas, dormentes de raiva, a angústia do devir, a incerteza do amanhã. 
Porém, uma réstia trémula de luz esbate as sombras escuras do presente, entreabrindo um rasgo de esperança.