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sábado, 25 de dezembro de 2010

Espírito de Natal

Era a época natalícia. As lojas espelhavam, nas montras enfeitadas, as variadíssimas hipóteses para as prendas procuradas. Num vaivém apressado, as pessoas percorriam atarefadas os corredores daquele centro comercial de olhar distraído aos pormenores em busca do presente ideal.
Um cântico de Natal entoava pelo ar e aquecia os corações de todos os que por ali cirandavam. Os pormenores foram pensados com toda a minúcia para que o espírito do Natal preenchesse os corações e as mentes de quem por ali passasse, contagiando o ambiente envolvente num enorme abraço de paz e tranquilidade.
Por entre a gente anónima que percorria os corredores carregada de sacos e embrulhos, um rapaz, de aspecto simples e humilde, vagueava ao acaso vendendo, a um preço simbólico, os jornais que transportava. Por entre a gente distraída e despreocupada aquele gaiato, de olhar triste e melancólico, destoava do conjunto: era apenas um menino amadurecido pelas agruras da vida que contemplava avidamente as montras repletas de brinquedos que nunca tivera. O seu olhar perdia-se por entre os artefactos desejados como sonhos idealizados numa fuga à realidade dura e fria que era a vida que tinha.
E nesse momento, nesse instante fugaz, por entre a multidão apressada e distraída, houve alguém que reparou naquele petiz e na tristeza que o seu olhar denunciava ao contemplar o que sabia nunca poder ser seu.
E nesse momento, nesse preciso instante, esse alguém anónimo pensou, numa promessa interior, que um dia, se o acaso o bafejasse, compraria todos os presentes daquela loja, de muitas lojas e distribuiria por todos os meninos de olhar triste e aspecto humilde que na véspera de Natal não tinham uma família para se aconchegarem, não tinham miminhos para receberem; meninos que a vida, precocemente, fizera homens, mas que eram apenas gaiatos ávidos de amor e carinho.
O menino partiu, carregando no olhar o sonho de um brinquedo, negado-lhe pelas injustiças da vida, enquanto as pessoas, indiferentes e ausentes, continuavam apressadas à procura dos presentes ideais para oferecerem, preparando-se para celebrarem o espírito de Natal!

sexta-feira, 17 de dezembro de 2010

O tempo certo

Os pássaros que voam na imensidão do céu dificilmente se adaptam à clausura da gaiola.
Os cavalos que galopam, em sôfrega liberdade, na vastidão da planície, dificilmente obedecem ao comando de uma rédea.
O ser que conquista a liberdade, numa luta de coragem e cobardia, dificilmente repete modelos  passados, de vivências marcantes.
As etapas da vida eclodem num tempo certo de existência: nem antes nem depois. Querer, num presente imediato,  apressar  o ritmo  próprio de cada  nova etapa, alterarando-lhe o timing  subjacente que a diferencia das restantes, poderá comprometer o futuro que se idealiza.
Muitas vezes as maiores, as mais longas e as mais fortes caminhadas só se concretizam e enraizam-se se os seres que nelas participam souberem respeitar a dinâmica inerente a cada uma delas nunca esquecendo o factor tempo: nem antes nem depois. Apenas no tempo certo de acontecer.
A vida é um desafio, há que saber gerir com paciência e inteligência os obstáculos a transpor.
Nem antes nem depois, no momento em que tiver de acontecer.

quinta-feira, 16 de dezembro de 2010

A importância da amizade

" Todos prestam atenção ao que tu dizes. Os amigos escutam o que tu falas. Os melhores amigos prestam atenção ao que tu não dizes"

Já há cerca de 3 semanas que não publico nada no blog. Vários foram os factores responsáveis por esta interrupção: trabalho, com as inúmeras burocracias a ele associadas, falta de disponibilidade, alterações nas rotinas de vida e por último falta de inspiração. Todos estes factores juntos contribuiram para o silêncio prolongado.
A todos aqueles que me dão a imensa honra de fazer da minha escrita uma vossa leitura,dedico este post como modo de me desculpar pela preocupação provocada com o silêncio a que me remeti.
Gosto de escrever - é uma paixão - desde que a escrita brote espontaneamente do coração e da razão. Ultimamente tal não se tem verificado, apenas e só nada, vazio, silêncio...
Há alturas em que, como alguém amigo fez questão em transmitir, interpretar o silêncio é descodificar um dos códigos mais complexos e difíceis da comunicação humana.
Obrigada pela amizade de todos vós.