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sexta-feira, 20 de dezembro de 2013

A viagem







Ó Nuvem, leva-me contigo nessa viagem incessante de andarilha do tempo.
Existes desde o princípio de tudo, completas um sentido, és parte de uma resposta.

Companheira de viagem, espera por mim, no caminho do horizonte que trilhas, desde os tempos imemoráveis do mundo.
Invade-me, com a serenidade do teu movimento, com a leveza dos teus passos e leva-me contigo até lugares longínquos, desconhecidos, nos confins do mundo.
Quero vaguear, inspirar a liberdade que alcanças lá no alto, deslizando, de mansinho, sob a cúpula do que avistas quando passas, sem pressa nem destino.
És senhora do infinito que se abre e se estende à tua passagem.
Sim, quero ir contigo, deambular pelo céu, não pertencer a lado algum para ser parte do universo.

Nuvem, despercebida e silenciosa que observas a vida a saltitar a teus pés, viajante do mundo, em constante movimento, leva-me contigo, nessa viagem solitária.
Quero ser nuvem, ter um corpo leve e voar, voar e passar, passar.
Assim, como o poeta, também eu quero ver Granada, quero ver o mar, mas não sei voar…
Leva-me contigo, ó nuvem!





 


quarta-feira, 18 de dezembro de 2013

A César o que é de César


  Hoje sinto-me mais leve, uma vez que a reunião da minha direção de turma já se realizou. A preocupação maior já passou, mas não algumas obrigações profissionais que terei de cumprir nesta breve interrupção lectiva.
Daqui a pouco vou, finalmente, montar o Presépio!
Por isso, dei uma vista de olhos, mais demorada, pela caixa de correio electrónico e atentei num email que me foi enviado, mais concretamente num determinado parágrafo! Mas antes, uma breve contextualização da ideia a desenvolver.
Como sabem, realizou-se, hoje, a prova de acesso à profissão docente para todos os que se encontram em situação de contratados, independentemente do número de anos de serviço que possuam. É uma falácia quando o ministro afirma que estão dispensados os professores com cinco ou mais anos, uma vez que se o espírito fosse esse, tal directiva tinha efeito imediato e não obrigava a que fossem os candidatos a ter de pedir a isenção da realização da prova, como aliás aconteceu.
Há relativamente pouco tempo, anulei a minha sindicalização daquele que foi o meu sindicato desde o primeiro ano de aulas. Fi-lo por um conjunto de razões díspares, mas também porque me comecei a não rever em determinadas tomadas de posição e/ou intervenções dos seus representantes. Continuo, no entanto, a considerar que é a estrutura sindical que mais defende os interesses da classe profissional a que pertenço. Esclarecido este ponto, entro directamente no assunto.
A propósito da greve ao serviço de vigilância à prova de acesso à profissão, de modo a impedir a realização da mesma - se o ministério considera ser aquele o género de prova que testa a capacidade dos candidatos a professores, enfim… -, uma vez que não concorda com ela, o meu ex sindicato emitiu uma nota à comunicação social dando conta do balanço do dia.
No parágrafo em causa, pode ler-se: De registar, negativamente, apesar de em baixo número, os docentes que abdicaram de afirmar a sua solidariedade para com os seus colegas sujeitos à prova e de defender a dignidade da sua profissão. Ao fazê-lo, poderão ter prestado um bom serviço ao governo e um mau serviço a toda uma classe, pondo-se, declaradamente, ao lado de Nuno Crato contra os seus colegas e contra si próprios. E foram estas palavras que me impulsionaram para a escrita deste texto, uma vez não concordar com a tomada de posição de quem as escreveu e critico-as.
Para tal, eis os meus argumentos: cada qual é livre de ter a sua opinião e de agir de acordo com ela; o facto de alguns professores não terem aderido à greve, não significa que estejam de acordo com a prova; os motivos de cada um não têm de ser questionados, já que vivemos numa sociedade democrática, que pugna pela liberdade de pensamento e de posicionamento; o sindicato deve preocupar-se em defender os interesses dos seus associados, fazendo sindicalismo e não imiscuir-se nos meandros da política, como se fosse um partido da oposição; esquece-se que os que não aderiram também são professores e não é, de todo, da sua competência ajudar a dividir o que já não tem muita união; ao escrever aquelas palavras passa para a opinião pública uma má imagem, não ajudando, em nada, a classe!
Por esta situação e por outras similares é que me afastei, demarquei e tomei a decisão de “rasgar o cartão”.
Esclareço desde já que, se a minha escola tivesse sido seleccionada para a realização da tal prova, hoje, teria feito greve, o que não acontece há já muitos anos pois, sinceramente, não me ia sentir nada bem no papel de vigilante de pessoas que são meus colegas.
Para isso, não contem comigo!




segunda-feira, 16 de dezembro de 2013

A poesia





Praia da Tocha
foto de J.B.Aguiar Câmara


A poesia não vive apenas nas palavras!
Quando esta brota naturalmente, então os olhos captam a realidade de um outro prisma, despercebido à maioria das pessoas que abandonou o poeta que abriga em si.
A poesia repousa, também, na música que se compõe, na dança que se executa ou mesmo nos silêncios que se abraçam, porque poesia é criação, é amor, é entrega, é paixão ao que se quer, ao que se faz, com prazer, com devoção.
A poesia solta-se no ar e liberta-se do poeta, porque a poesia é de todos, é do mundo, é pertença de ninguém!
Levada pelo vento, percorre o infinito dos sentidos, desnuda os sonhos adormecidos da alma e torna possível o maior dos impossíveis, porque a poesia é querer, é poder, é a descoberta da verdade escondida na subtileza do ser-se.
Poesia é perder o olhar na imensidão do horizonte, é alcançar o inalcançável permanecendo, ali, entre o tudo e o nada, é esculpir, no sossego dos silêncios,  momentos procurados para, por fim, ser cantada ou apenas murmurada.
Poesia seremos tu e eu, seres de luz e de esperança,  nas manhãs cálidas de Outono, na paz que nos entrelaça e serena, no eco perdido dos risos, nas lágrimas salgadas dos sonhos incertos!
A poesia é a essência do Criador no seu mais belo poema de amor: o da Criação!




 
 

domingo, 15 de dezembro de 2013

Transparência


Estava eu muito quieta e sossegadinha, preparando a reunião da minha direcção de turma, quando sou surpreendida pelo toque estridente do tlm. Do outro lado, alguém que há muito não ouvia e, confesso, não esperava, de todo, ouvir.
Digamos que foi um Domingo surpreendente e veio demonstrar que nada na vida é definitivo e certo: existem palavras que deveriam ser proibidas de se colarem a determinadas intenções .
Tal como o título de um dos filmes do agente secreto mais conhecido do mundo, James Bond, “Never Say Never Again”!
A vida é muito mais sábia do que nós e, quando menos esperamos, demonstra-nos o quão ínfimos somos perante o universo a que pertencemos!
Inúmeros são os percursos que ainda temos que trilhar para compreendermos o que, sendo transparente como um cristal, dos mais puro e fino, distraidamente ou teimosamente não vemos, não percebemos ou não estamos, ainda, preparados para entender!
Tanto para aprender: cair, erguer, caminhar, na demanda que não termina nunca!





sábado, 14 de dezembro de 2013

Bailado perfeito


Hoje, a minha faneca (termo utilizado pelo pai que encerrava em si todo o carinho e amor que por ela sentia) participa, com o restante grupo da Secção de Patinagem Artística da Associação Académica de Coimbra, numa apresentação em três localidades diferentes, da Região Centro.
A crise que se vive por todo o país, há muito que chegou a esta Associação Académica.
No campo do desporto, as várias modalidades amadoras só sobrevivem graças ao empenho e boa vontade dos pais e encarregados de educação. São eles que suportam todos os encargos, entenda-se despesas, sem qualquer ajuda por parte do clube em que os filhos/educandos estão filiados, quando participam nas variadas provas em que defendem o nome da instituição desportiva a que pertencem.
A participação em cada apresentação implica muitas despesas: deslocação, por vezes a grandes distâncias, inscrição nas provas, alimentação, fato, adereços. Acreditem que não sai barato.
Ora, se os miúdos vão em representação do clube não seria natural esse mesmo clube contribuir, mesmo que simbolicamente, de algum modo?
Tudo se esquece e faz valer a pena quando iniciam as provas, patinando pelo recinto, numa leveza e numa beleza que enchem de orgulho qualquer pai.
Quando as vejo deslizar sobre os patins, recriando, em cada movimento, interpretações muito próprias, recordo-me sempre dos cisnes e dos pavões com a dança das suas plumagens, num bailado perfeito de cores, formas e movimentos exuberantes.
(E agora tenho de me retirar, pois vou vê-las actuar daqui a pouco).

 





sexta-feira, 13 de dezembro de 2013

Sopa de coentros ou um cheirinho a Alentejo


A sugestão, de hoje, do Chefe Tiger, no Expresso, baseia-se numa açorda de mar, de fácil, barata e rápida confecção e deliciosa – acrescento eu -, um pitéu para os sentidos.
Enquanto lia a receita, apresentada sobre belíssimas imagens e acompanhada de uma música de fundo que nos transporta para as profundezas do mar, para a tranquilidade do espírito, verifiquei que esta açorda do mar é parecidíssima com a sopa de coentros que costumo cozinhar, muitas vezes, durante o Verão. Por isso mesmo, sem nunca ter provado esta açorda, aqui, apresentada, posso garantir que é uma delícia. Como alguém dizia” que admiração, com ingredientes tão saborosos e tão bons, difícil era não o ser". 
A minha sopa de coentros também é rápida de fazer, simples, barata, saborosa e muito mais económica!
Para quem quiser experimentar deixo a receita:

Ingredientes:
Vários dentes de alho, um bom molho de coentros – de preferência biológicos -, sal, azeite, água, broa e ovos.   

Confecção:
Parte-se o pão em nacos. Descascam-se os dentes de alho. Lavam-se os coentros, separam-se as folhas do caule e coloca-se tudo num almofariz com um punhado de sal. Tritura-se tudo até se obter uma pasta sumarenta e uniforme.
Ferve-se uma boa quantidade de água (o equivalente a três, quatro conchas grandes por pessoa) à qual se adiciona a mistura acima obtida, os nacos de broa e um fio de azeite. Servem-se os pratos e põe-se os ovos escalfados em cima.
Depois, é saber apreciar os diferentes sabores e deixar-se inebriar pelos variados aromas a lembrarem o Alentejo.





 

segunda-feira, 9 de dezembro de 2013

Mais um Natal


Hoje, poderia escrever sobre muitos assuntos que fizeram notícia, tal foi a abundância de acontecimentos, aqui e por esse mundo fora. Podia, mas preferi cinzelar este fim de dia em palavras banais que me distraem do trabalho.
Há pouco, eu e a minha faneca acabámos de montar a árvore de Natal: iluminada, repleta de enfeites, a lembrar a quadra que se aproxima.
Com o frio intenso que a todos enregela e que se estende pelo país, só falta mesmo um manto de neve, branca e fofa, para completar o Natal ideal, aquele que já vem da infância. A neve e uma aconchegante lareira para pendurar as meias, prontas a receberem os presentes que há já algum tempo se transformaram em chocolates docinhos e saborosos.
Agora, para que a tradição se cumpra, só falta construir o presépio. As peças já desceram da arrecadação e aguardam o seu momento para se mostrarem. Talvez hoje ou amanhã…
Mais um Natal!





domingo, 8 de dezembro de 2013

O V(erde) da Vitória


Hoje joga o meu Sporting. É uma oportunidade única que há muito não alcançamos: o de podermos ascender ao primeiro lugar- ISOLADOS- na tabela classificativa da Liga Zon Sagres.
Para os adeptos dos outros dois grandes, provavelmente, se a situação fosse com eles, não significaria muito. Porém, para nós, que vimos de lonnnnnnngossssssssssss anos de desaires, falhanços, derrotas e tristezas, é um grande feito o que temos estado a conseguir, o que temos evidenciado, até onde já chegámos!
Dizem-nos que temos uma equipa jovem, inexperiente, que não passamos do Natal, que é fogo-de-vista fugaz. Dizem…
Por mim,  podem afirmar o que quiserem, o que me interessa é que estamos a conseguir dar a volta, a afirmarmo-nos, a afastarmo-nos daquele Sporting de um passado bem recente.
Independentemente do resultado de hoje – claro que torço por uma vitória e desejo ultrapassar os nossos adversários que nos olham pelo ombro - por tudo o que temos realizado e tendo em conta o patamar de onde partimos, somos já uns vencedores, mesmo que não vençamos (precavi-me, com os nós dos deditos na madeira, conforme costume popular, não vá o diabo tecê-las…!)
Aguardemos pela hora do jogo!

(Em tom de curiosidade: se empatarmos, os três da frente ( Sporting Clube de Portugal, Futebol Clube do Porto e Sport Lisboa e Benfica) não se podem rir uns dos outros.
Ora então, verifiquem lá... 




 


sexta-feira, 6 de dezembro de 2013

Madiba

Foto de José Botelho Aguiar Câmara

 
"Não há paixão quando nos conformamos com uma vida que é menos do que aquilo de que somos capazes"
Nelson Mandela

 “e nos limitamos a acrescentar dias à nossa existência, sem outro objectivo que não mantermo-nos vivos por mais um dia."
 J.M B. Aguiar Câmara