Translate

quinta-feira, 16 de setembro de 2010

De ideia em ideia

A nossa mente é um dos mecanismos mais surpreendentes devido à perfeição e à precisão do seu funcionamento.
A maneira subtil de saltar e rodopiar de memórias em memórias, retratos temporais diversos, convergindo, num mesmo momento, ecos do passado despertos por pormenores do presente, delicia-me.
Hoje, quando abri a página principal do Google derreti-me com o desenho inserido na página inicial deste motor de busca que pretende homenagear o 120º aniversário da célebre escritora Agatha Christie. Ao ver as letrinhas “Google” retratando, com minúcia, personagens e cenários sobejamente conhecidas de todos os amantes deste género literário, sorri, maravilhada com a combinação da imaginação associada à perícia na fidelidade dos contextos em que a narração se desenrola.
E deliciada com as recordações que tal logótipo me despertou, recuei no tempo e viajei até à aldeia onde era habitual passar as férias grandes. Foram tempos que deixaram saudade e ficaram gravados no pensamento e no coração pela intensidade das vivências experienciadas, pelo convívio amigável, pela salutar amizade partilhada por um grupo de adolescentes ávidos de liberdade e de aprendizagens. Umas das nossas brincadeiras preferidas nas férias grandes, durante as noites cálidas e serenas de uma aldeia perdida nos confins de um Portugal rural, era o jogo do assassino.
Este jogo implicava, para além do divertimento em si, ter-se uma perícia na arte da dedução, de modo a que o jogador, incumbido do papel de detective, conseguisse, através de um intenso inquérito às personagens presentes na cena do crime, deslindar os trâmites do enredo e descobrir o terrível assassino.
Ao olhar para o logótipo do Google, as minhas memórias da época emergiram repentinamente e sorri, com muita saudade, relembrando, com carinho, aquele tempo em que a pureza e a simplicidade que nos caracterizava marcaram para sempre este período delicioso da minha juventude.
Felizmente este ano tive a grande alegria de poder rever, in loco, a aldeia e o casarão que ficarão para sempre como o sítio onde sei que fui feliz!
Resta a saudade, sempre!