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terça-feira, 25 de maio de 2010

Lembrança de Ti

Pai:
Hoje, particularmente, a lembrança de ti aviva-se com mais intensidade e recordo-te com saudade. Não aquela saudade dorida, triste, que marcou os primeiros momentos da tua ausência, mas a saudade gerida pelo tempo: suave e terna, com um sorriso na lembrança.
Sorrio, sim, serenamente, ao rever a tua imagem bem nítida nas minhas recordações.
Estranhamente, sinto que ainda não partiste de todo. A tua presença é forte, constante; sinto-te, apesar de não te ver; sei que estás por perto; continuas, de um modo que não percebo, a proteger-me.
Sinto-a, mas não consigo explicar esta sensação que me diz que ainda não partiste por completo para o desconhecido!
Induzo a tua presença na ausência física, sei, mesmo sem te ver, que permaneces aí!
Sinto-a, mas não consigo explicar esta sensação de presença constante na ausência.
Sei que no dia em que tiveres de partir definitivamente, eu pressenti-lo-ei: os sentidos despertar-me-ão para o facto e a linguagem do coração, apoiada na intuição, confirmará a nova etapa que iniciarás.
Enquanto esse momento não chega, o desenho que, diariamente, vou traçando no mapa da minha vida, provar-te-á que valeu a pena o investimento que (me) fizeste.
E acima de tudo, tinhas toda a razão...
Parabéns, Páaaa!