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sexta-feira, 28 de maio de 2010

Recantos

Num compasso de espera obrigatório, deambulei pela “minha” cidade, redescobrindo a beleza do antigo, ofuscado pelo véu da modernidade.
Remetidas ao esquecimento, calcorreei vielas, ruelas e betesgas repletas de vazios e silêncios, envelhecidas pelo tempo e nele paradas! Fascinou-me a rusticidade das suas formas, o pitoresco dos ambientes, esquecidas no meio de uma outra cidade, moderna e atípica.
A azáfama de outrora, na efervescência quotidiana da vida, cedeu o lugar à calmaria resignada da velhice.
Afundada, no pensamento, caminho, ao acaso, em busca de um lugar de paragem, esperando, pacientemente, pelo movimento dos ponteiros do relógio que parecem emperrados pelo verdete do tempo.
De repente, surge, descubro-a! Encoberta, pelo traçado arquitectónico de uma época passada, uma tasquinha, de ar simples e humilde, surge à minha frente: entro, perante a curiosidade de olhares rotineiros, pouco habituados ao desconhecido.
Sem qualquer esforço, depressa, imbuo-me no espaço ambiente: pequeno e sem pretensões, retrato fiel da calma e tranquilidade de quem o dirige!
Os aromas, que pairam no ar, aguçam-me o apetite e os sabores de uns petiscos caseiros saciam-me a fome. Rendo-me!
O tempo passou a correr. A obrigatoriedade, do que me aguarda, desperta-me para a necessidade da partida. Saio.
Na vontade, gravo a certeza do regresso.