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quinta-feira, 24 de junho de 2010

Despertar

Amanheceu.
Os sons do despertar da Natureza entram pela fresta da janela e reanimam-me, mais cedo do que o habitual, para o dia que nasce.
Os primeiros raios de Sol, acordado pela partida da madrugada, rompem a neblina matinal e incidem, ainda fracos e ensonados, na paisagem circundante, iluminando formas recortadas pelas sombras da aurora.
O cântico melodioso dos pardalitos, em chilreios de bons dias, ao astro-rei, ecoa e paira pelo ar, enchendo de musicalidade os primeiros instantes da manhã acabada de despontar.
O som do rebuliço exterior, paulatinamente, penetra na fresta da janela que ficara entreaberta para deixar entrar a frescura da noite e chega até mim. Lentamente apercebo-me, muito ao longe, dos acordes exteriores que crescem de intensidade à medida que acordo para o dia.
O cenário, de beleza ímpar, de tão simples e singelo, influencia o estado de espírito. É-se tomado por ímpetos de urgência, quebrando a aparente letargia em que se mergulhara, pois a vontade comanda a vida que (des) espera.
Numa espiral interior, de rodopios de desassossego, a passividade é esmagada, vencida, aniquilada, por ora.
Após uma quarentena de estados de espírito, emoções, sentires, reflexões, sucede-se-lhe a inevitável pressa de agir, fazer, concretizar, na consciencialização interior da (des) importância da dormência, porque o tempo urge, não pára em contemplações de saudade, esgota-se!
Hoje, há tanto a fazer! Há tanto a decidir! Há tanto a mudar, para a vida acontecer, mesmo com:
O receio a pairar…
A solidão a imperar…
O silêncio a esmagar!
A indiferença a magoar!
Hoje esboçam-se, com traços de esperança, as formas do futuro!