O desvario que tomou conta da classe política portuguesa, principalmente dos políticos que governam este país, é assustador.
Falta de respeito pelo trabalho de quem corre o risco de ficar sem ele porque os senhores, no alto da sua cátedra, tudo podem e tudo determinam: mesmo as mais insanas directrizes, fora de horas, ou melhor em cima da hora, em tempo de férias, para confundir, baralhar e cumprir na íntegra.
Exigem-nos rigor, competência no exercício da profissão, mas eles escusam-se ao que impõem aos outros.
Depois das turmas feitas, quase no momento de serem afixadas, o processo é revertido através de um Despacho da DGESTE que chumba as propostas apresentadas e obriga a uma reformulação do que fora feito.
A informação que foi dada de manhã sobre a saída das turmas remetia-a para a tarde. De tarde, quando passei por lá, fiquei a saber que deixara de haver data provável, pois voltara tudo à estaca zero porque a Direcção recebera ordens, no sentido de reduzir o número de turmas, ou seja aumentar o número de alunos por turma para cortar no número de docentes por escolas.
Tudo feito em cima do joelho, de um dia para o outro, com um fim-de-semana pelo meio.
Estes senhores perderam a noção da correcção e jogam com a vida das pessoas como se fossem marionetes de um qualquer teatro de rua!
Para eles, em forma de resposta, palavras anteriormente escritas que gritam a revolta e a repulsa que as suas acções nos incutem: a parte final daquele que é o manifesto dos manifestos literários, escrito pelo grande Almada Negreiros.
“Morra o Dantas, morra! PIM!
Portugal, que com todos estes senhores, conseguiu a classificação do país mais atrasado da Europa e de todo o mundo! O país mais selvagem de todas as Áfricas! O exílio dos degradados e dos indiferentes! A África reclusa dos europeus! O entulho das desvantagens e dos sobejos! Portugal inteiro há-de abrir os olhos um dia - se é que a sua cegueira não é incurável - e então gritará comigo, a meu lado, a necessidade que Portugal tem de ser qualquer coisa de asseado!
Morra o Dantas, morra! PIM!"