Surgiste.
Resgataste-me do
naufrágio que a tempestade provocara.
Intuíste, na percepção dos momentos de
silêncio, na linguagem dos gestos e do olhar, a urgência do amor.
Percebi-te. Eras destroços
de uma intempérie avassaladora. Procuravas, por entre a tormenta inquieta, a serenidade
do teu ser.
Ambos náufragos doridos à
deriva na vida.
Demo-nos: na minha boca, embriagaste
o teu sentir, na tua boca, inebriei o meu querer.
Descobrimo-nos: no meu olhar, apaziguaste
a tua dor, no teu olhar, renasci.
Amámo-nos na imensidão dos momentos sem tempo. Perdemo-nos: as tuas mãos aprisionaram o meu corpo em
nuances de ternura.
Reescrevemos o futuro.