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terça-feira, 24 de junho de 2014

Dégradé


Com a chegada do Verão, os dias desnudam-se, quentes, luminosos, em poentes intensos e harmoniosos, aromatizados pela brisa de final de tarde que espalha, ao seu passar, o bulício dos sentidos a despontar.
O Verão e as férias, o calor abrasador e as noites cálidas, enfeitadas de luares prateados, avivam lembranças ternas, edificadas em momentos alegres e risonhos de um outrora que passou muito depressa.
Formilo, sempre Formilo no centro das memórias: um retorno à imponência do casarão, à majestade da escadaria ladeada de hortenses em variações de roxo e lilás; ao sussurro murmurado da água da fonte a cair, límpida e fresca; à paisagem serrana incrustada nas encostas verdejantes, perdida nos horizontes sem fim; ao cheiro agreste das pessoas e dos animais; aos sons melodiosos que encantam as noites e as madrugadas e despertam a poesia inspirada no voo reluzente dos pirilampos e na guizalhada dos grilos; a momentos inesquecíveis!
Formilo e sempre Formilo: um retorno ritualizado e cíclico em busca das raízes da memória afectiva. A saudade forjada no tempo. O passado em dégradé no presente!