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quarta-feira, 6 de outubro de 2010

Os lapsos da República

Cem anos, cem escolas.
O governo decidiu, num gesto simbólico, senão mesmo forçado, fazer coincidir a inauguração oficial de 100 escolas, algumas reformuladas, com a efeméride do centenário da República.
Na minha modesta opinião, considero tal acção uma mera manobra política de marketing , com vista a diminuir os efeitos negativos que as recentes medidas tomadas provocaram na imagem do governo.
No meio de tanta inauguração – faz-me recordar um passado ainda bem recente – seria inevitável a existência de situações, no mínimo, caricatas.
Ora, numa das escolas hoje inauguradas, no concelho de Coimbra, com pompa e circunstância e na presença da Ministra do Ambiente, a preocupação com a envolvência exterior foi pensada de modo a gerar um ambiente harmonioso, recreador de espaços naturais, com vista a impressionar a responsável por esta pasta ministerial. Para o efeito foram “plantados” cerca de 24 pinheiros nas imediações do espaço circundante.
Mas estas plantações, em vez de serem efectuadas no terreno local, fundeando as raízes das árvores de modo a fixarem-se ao solo, ficaram confinadas a simples vasos que foram, estrategicamente, colocados numa mise en scène.
Os pinheiros, acabada a encenação oficial da inauguração, serão reenviados para a empresa que os cedeu para a ocasião, o que seria complicado de efectuar caso tivessem sido plantados no terreno da nova escola.
Ou seja, continuamos a funcionar como um país de faz de conta, onde o que interessa são as aparências e as encenações com vista à divulgação, em todos os órgãos de comunicação social, de não verdades, meias verdades e omissões!
E viva a República e os republicanos!...
(Um reparo a uma estação televisiva que na sua emissão acerca do centenário da República informava que o último rei de Portugal fora o rei D. Carlos.
O jornalista, que organizou a peça transmitida, esqueceu-se de fazer o trabalho de bastidor, caso contrário ter-lhe-ia sido fácil descobrir que o último rei de Portugal foi sua alteza real D. Manuel II, o qual, aliás, se viu obrigado a partir para o exílio,da Ericeira, acompanhado da família real, primeiro rumo a Gibraltar e mais tarde a Inglaterra.)
Por muito que me esforce não consigo descortinar razões válidas para tanta panóplia à volta deste acontecimento.
Antes uma  Monarquia liberal e democrata do que uma Democracia autocrática e impositora!