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sexta-feira, 2 de abril de 2010

Invictus

“ Somos senhores do nosso destino, comandantes da nossa alma”

Sem nada que o indiciasse, decidi:”vou ao cinema”.
Muitas vezes, as decisões pensadas, no momento, são as mais gratificantes!
Em diálogo interior, já decidira que não perderia a exibição de “Invictus”.
O tema tratado no filme, porque verídico, aliciava a minha vontade e despertou a decisão tomada. Sabia que as críticas eram positivas, mas quis decidir por mim própria.
Apetrechada com as habituais pipocas, sentei-me. As luzes já se tinham apagado e as primeiras imagens projectavam-se no ecrã (consequência imediata de decisões tomadas à última hora). Antes de me desligar do mundo exterior, ainda me apercebi que a sala estava quase vazia. Cerca de meia dúzia de pessoas espalhavam-se pelos imensos lugares vagos.
Entreguei-me ao enredo, vivi as emoções que surgiam, naturalmente, da trama, como se fora uma das suas personagens.
Ali, no escuro da sala, esqueci-me de onde estava, o corpo permaneceu, mas o espírito, o pensamento evadiram-se do espaço físico.
De repente já não era eu, via-me, no ecrã, vivendo os vários momentos da acção, como testemunha silenciosa dos acontecimentos históricos que alteraram, para sempre, o rumo de um país que acabara de “nascer”.
Só um grande homem, senhor de uma grande inteligência, associada a uma bondade e sensibilidade extremas, conseguiria ter arquitectado, executado e convencido os seus colaboradores, mais próximos, da importância do seu plano para a união de um povo, que se encontrava completamente desunido, por motivos raciais.
Mandela é um grande senhor, mas acima de tudo um grande ser humano pois, com a sua história de vida, mostrou ao mundo que os sonhos devem ser perseguidos até ao fim, sem haver lugar para desistências, que o amor é o sentimento mais forte de todos, tudo possibilita!
Mandela, preso 27 anos, por motivos políticos, numa cadeia onde as condições de vida eram inóspitas, nunca desistiu de si, do seu sonho, do seu povo. Nos momentos de maior fraqueza escrevia, reflectia, lia.
A frase proferida durante o longo tempo que esteve preso “Somos senhores do nosso destino, comandantes da nossa alma” define bem o Homem em que se tornou, o estadista que foi, o ser humano simples, humilde, mas de uma grande força de vontade e convicção nos seus ideais que, apenas, se tornou no primeiro presidente negro da África do Sul!
“Somos senhores do nosso destino, comandantes da nossa alma”, frase chave que encerra em si toda a personalidade de um ser humano e a ideia principal do filme!
As luzes acenderam-se, continuei sentada, saboreando a música final, enquanto o meu pensamento, o meu espírito regressavam ao espaço físico que deixaram no início.
Saio e, na memória, retenho a frase emblemática, que congrega em si toda a ideologia e filosofia do filme:“Somos senhores do nosso destino, comandantes da nossa alma”!
Que lição de vida,que coragem, que clareza de ideias!
O pacote das pipocas continuava quase cheio!