Muitos dos assuntos abordados neste blog baseiam-se em episódios do quotidiano que me fazem reflectir, dissertar sobre eles.
E hoje, de novo, não fujo à regra. Aproveitando uma situação caricata e insólita, eis-me a reflectir sobre o meu querido Portugal, as suas gentes e o futuro que se pretende.
A nossa entrada no espaço europeu abriu-nos de vez as portas à globalização, à mundialização da economia: a assinatura do tratado de Schengen e dos acordos de Xangai e de Pequim permitiram a circulação de bens e pessoas e a abertura dos mercados a produtos estrangeiros, numa notória perda para a economia nacional, cujo exemplo mais marcante é o encerramento de grande parte do sector têxtil, a Norte, e o aumento crescente do desemprego. A crise que se instalou, em quase todo o mundo, só veio agravar os problemas internos com que o país se debate.
Num contexto deste urge, e se queremos continuar a fazer-nos ouvir, modernizarmo-nos de modo a discutirmos de igual para igual com os nossos parceiros europeus e não sermos de vez ultrapassados. É impensável continuarmos a utilizar os mesmos métodos antiquíssimos de trabalho, numa quase escravidão, esquecendo os direitos basilares de quem trabalha.
A crise não pode servir de trampolim para “engordar” empresários gananciosos, de vistas curtas e mentalidades estrábicas que esmagam, sem qualquer problema de consciência, os valores que deveriam pautar as relações humanas: respeito, integridade, hombridade, verticalidade, veracidade.
Em pleno século XXI assiste-se a uma outra forma de escravatura, cujos alicerces fundeiam-se no excesso de procura em detrimento da parca oferta. Valendo-se disso, alguns pequenos (em todos os sentidos) donos de empresas abusam da mão-de-obra, quase escrava, que excede as necessidades existentes.
Estes senhorecos, de mentalidade pequenina e visão empalada, não entendem que a concorrência, na prestação de serviços, permite a livre escolha, opções diferentes por parte do cliente e que facilmente poderão ficar para trás, perdendo assim a ilusória sensação de segurança.
Hoje revoltou-me ver 2 jovens empregados a terem de transportar, em peso de braços, dois electrodomésticos de grande porte, porque o dono da empresa para quem trabalham, numa total falta de respeito, civismo e olhar empreendedor, considera desnecessário o investimento na sua empresa, e a compra de acessórios facilitadores para a função a que a mesma se destina.
Com um gesto simples, a compra de carrinhos transportadores de mercadorias (em 40 veículos da firma, destinados a entrega, apenas 14 possuem esse acessório) rentabilizava o tempo, aumentava o Q.E dos seus funcionários, modernizava a empresa, vendia uma imagem simpática ao cliente, apostava no futuro!
Se queremos que Portugal se cumpra, é urgente alterar mentalidades!