Gosto de ler. Se tivesse de optar entre a escrita e a leitura não conseguiria fazê-lo. Ler e escrever completam-se numa simbiose única. Pensar uma sem a outra é a mesma coisa que idealizar Paris sem a Torre Eiffeel, Londres sem o Big Ben, Roma sem o Coliseu.
Portanto, se a escrita me apaixona, a leitura fascina-me.
Ultimamente sobra-me pouco tempo para ler. Nas férias, aproveito um tempo sem tempo e devoro os livros que durante o resto do ano não pude ler.
E nessa sequência, iniciei, há já algum tempo, a leitura do mais recente livro de José Rodrigues dos Santos, "O Anjo Branco". Na senda a que nos habituou, o autor baseai-se em factos bem reais de um Portugal colonial, do Antigo Regime.
José Branco, médico destacado em Tete, por desagrado à PIDE, dedica-se à sua profissão com um amor e um brio que o levará a iniciar o serviço médico aéreo que cobre uma extensão enorme de território, indo de encontro às necessidades da população autóctone, perdia pela savana africana.
Contudo, para quem leu "A Vida Num Sopro"é inevitável a comparação, e o Anjo Branco não consegue competir com a doçura de um amor eterno, entre a Amélia de olhos cor de amêndoa e o seu capitão.
Um amor que leva à separação, à dor da perda, ao reencontro, à tentação, à entrega e, por fim, à morte. Sublime! Para mim o mais cativante romance do autor, toca o lado mais sensível de nós.
