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domingo, 20 de julho de 2014

Sem resposta


Quando penso na Humanidade, quero muito acreditar que a essência primordial que a define é uma condição intrínseca de paz e de entendimento, constituindo-se as guerras e os conflitos como a excepção que ciclicamente confirma a regra.
No entanto, se nos lembramos de todas as contendas, discórdias, lutas que marcaram e continuam a marcar a História do Homem, a dúvida instala-se dando lugar a questões como “Qual será a essência da Humanidade? Uma apetência inata para a guerra ou um estado natural de paz? Qual o traço matricial das relações sociais? O conflito latente, sempre pronto a manifestar-se por entre um ilusório e aparente entendimento ou o oposto? Como interpretar à luz destas duas visões opostas ou em que campo incluir episódios marcantes da nossa História como as Guerras Santas; a subjugação e a tentativa de extermínio de um povo sobre outro; o Holocausto; mais recentemente a guerra na Ucrânia e o assassinato de civis inocentes; os conflitos permanentes entre Israel e a Palestina, as ditaduras castradoras dos direitos fundamentais do ser humano, entre tantos e tantos outros diferendos que parecem realçar o monstro que se acoita na nossa espécie e faz-nos esquecer que também albergamos um lado positivo?
Somos uma espécie eminentemente pacífica com momentos de forte entropia na sua evolução política e social ou, pelo contrário, somos de uma belicosidade natural mascarada pela cultura?










sexta-feira, 11 de julho de 2014

Regresso ao passado


Já não nos bastava o buraco no BPN (muito mal tapado e à custa do erário público) e eis que surge logo outro de nome BES. Espero que desta vez não ousem sequer pensar em usar o Estado como escudo protector da má gerência de uns tantos. Já chega de cobrir buracos!
Como não há duas sem três, qual será a próxima instituição bancária a colapsar? Isto vai de mal a pior!
Um dia destes, com tanta buracada, perde-se de vez a confiança e adoptamos o velhinho método dos nossos antepassados: esconder o dinheiro (os que ainda o tiverem) debaixo do colchão. Talvez assim consigamos dormir, descansadamente, sobre este assunto!











 

quinta-feira, 10 de julho de 2014

Muito mais do que um jogo


 Ontem, a selecção alemã mostrou e demonstrou ao mundo o poder e a força do país a que pertence. Para muitos poderá ter sido um mero jogo de futebol, mas a verdade é que a essência que possibilitou o aniquilamento do Brasil, dentro das quatro linhas, representa o paradigma do poder de um país, no xadrez europeu e mundial, a nível económico, político e social.
O não simpatizar com a Deutschland, não implica que não reconheça as qualidades que fazem desta Nação e do seu povo, um dos colossos actuais da Europa: rigor, método, planeamento, disciplina, coordenação, eficácia, trabalho, são talvez as principais e responsáveis características do seu sucesso.
A capacidade que os germanos possuem de se organizarem e reorganizarem, renascerem das cinzas, qual Félix, da fraqueza fazerem força, é no mínimo surpreendente e a comprová-lo temos a História que o testemunha: lembremo-nos do que sucedeu ao território, após a 2ª Grande Guerra, a sua divisão em dois países ideologicamente distintos e opostos, numa tentativa dos países vencedores, encabeçados pelos Estados Unidos da América e pela URSS, enfraquecerem esta potência, deixando-a Knock-Out por muito tempo. A sua força anímica foi (e continua a ser) tão grande que nem o  que lhe aconteceu, após ter perdido a guerra, a derrubou.
A Alemanha, desde sempre, exerceu uma hegemonia que ainda perdura. Está-lhe na génese.
Por isso digo e repito que o que aconteceu no jogo com o Brasil (e anteriormente com Portugal) possui uma carga simbólica do tamanho da derrota que incutiram à selecção canarinha, simbologia esta que ultrapassa o Mundial, as quatro linhas e o futebol!
A Europa não se pode distrair, pois a Alemanha há muito que se descolou dos países da União a que pertence e tem-se vindo a tornar cada vez mais forte!










sábado, 5 de julho de 2014

Um triste engodo ou o retrato de um país sem soberania


Parece que o Ministério da Educação e Ciência, juntamente com a Secretaria de Estado da Administração Local e o Ministro-Adjunto e do Desenvolvimento Regional, Poiares Maduro, pretendem, a curto e médio prazo, municipalizar as escolas com vista a retirar, do Poder Central, o ónus com a Educação e com os professores.
“Descentralização de competências” - afirmam os responsáveis pelo processo. Eu diria que o MEC (e o governo) quer é sacudir a água do capote e com esta ideia luminosa conseguir arrecadar mais alguns milhares ou milhões de euros, visando a diminuição do deficit nos próximos anos.
As particularidades da proposta de municipalização das escolas vão sendo conhecidas a conta-gotas (estratégia há muito utilizada pelos governos, do género matar, mas com suavidade).
Hoje, levantou-se um pouco mais o véu e soube-se que uma das novidades presentes na proposta é o chamado "factor de eficiência”, o qual pretende premiar as câmaras que trabalhem com um número de docentes inferior ao tido como necessário para o respectivo universo escolar (mas mantendo o sucesso, entenda-se).
Estes gajos (sim, é mesmo este o termo que quero utilizar para os nomear, um termo que pretende transmitir o meu sentir) tomam-nos como mentecaptos, cordeirinhos mansos que tudo acatam e nada contestam.
Se a maior parte dos municípios se encontra endividada, como é que alguns destes têm a veleidade de quererem chamar a si a responsabilidade de gerir a Educação nos agrupamentos de escolas da sua área de influência?
E o perigo da instrumentalização das escolas (e das pessoas) para fins políticos? Quem garante a imparcialidade e a correcção de critérios na contratação dos docentes? Como se pode acreditar nas melhores intenções para a Escola Pública, quando se acena com um bónus pomposamente apelidado de “factor de eficiência”? Alguém acredita nisto? Sinceramente, não!
Sei que o que nos espera é bem pior do que alguma vez supuséramos.
Sinto uma angústia do tamanho do engodo que me (nos) querem impingir!
Parece-me que o governo (ou antes a Troika? Saiu, mas as metas a atingir devem ter ficado bem definidas nas ordens dadas: cortar, cortar, cortar, a torto, a direito, não interessa como, desde que os objectivos sejam cumpridos! Têm-se revelado alunos exemplares e cumpridores das ordens do mestre, estes nossos governantes) está a querer enveredar por um caminho que vai destruir a qualidade, o bom nome e até a própria Escola Pública ( assim como o Estado Social, tal como o conhecemos).
Grande façanha! Nem os cinquenta anos de ditadura, com todo o obscurantismo e mentalidade retrógrada e fechada que o caracterizou, ousaram semelhante proeza!
Sinto uma enorme tristeza porque perdemos, definitivamente, a soberania. Somos uns meros fantoches nas mãos dos detentores do capital e os únicos interesses que importam são os económicos. Tudo o resto? É para abater, acabar, neutralizar!

“ Agora se vende Portugal, que tantas cabeças e sangue custou a ganhar quando foi tomado aos Mouros!”

Fernão Lopes, crónica de el-rei D. Fernando, século XV
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 

quarta-feira, 2 de julho de 2014

Aqui



Aqui, deposta enfim a minha imagem,

Tudo o que é jogo e tudo o que é passagem,
No interior das coisas canto nua.

 
Aqui livre sou eu — eco da lua
E dos jardins, os gestos recebidos
E o tumulto dos gestos pressentidos,
Aqui sou eu em tudo quanto amei.

 
Não por aquilo que só atravessei,
Não pelo meu rumor que só perdi,
Não pelos incertos actos que vivi,

 
Mas por tudo de quanto ressoei
E em cujo amor de amor me eternizei.

 
Sophia de Mello Breyner Andresen, in "Dia do Mar"
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 

 

terça-feira, 1 de julho de 2014

Fragilidades


Desconheço o autor deste texto. À medida que o ia lendo, não conseguia deixar de pensar em Judite de Sousa, no sofrimento e na mágoa de uma mãe (de todas as mães) que vê (vêem) partir um filho (cedo de mais) - não deveria ser permitido, nas leis da existência.
Que o Senhor acalme a sua dor e lhe permita encontrar respostas nas incongruências da vida.



Sei que às vezes ris - bastante.
Mas nem sempre a vontade que está por fora é igual ao que se sente por dentro. Mas sei que ris, muito. E que tentas matar a tristeza com um sorriso. Acho que é assim que se matam as tristezas, com sorrisos. É isso que vejo em ti: um sorriso gigante por fora que amedronta a tristeza que vai por dentro, e é isso que faz sentido: em vez de nos deixarmos amedrontar com as tristezas, em vez de nos deixarmos cair, sorrimos. Às vezes, mesmo por entre lágrimas, sorrimos, e elas, com medo, vão-se embora (ou pelo menos afastam-se o suficiente para nos deixar sorrir).
As lágrimas têm um poder de lavagem da alma, penso que seja para isso que servem, saltam fora de nós para lavar o que nos entristece.
As lágrimas também dão alento, reconheço-lhes esse valor, dão força para o passo seguinte, às vezes só depois de chorarmos é que as luzes da vida se alumiam para vermos por onde temos de ir.
Quantas batalhas não se ganharam depois de um choro? Quantas forças não se reuniram depois de derramadas lágrimas? Quantos caminhos não se desvendaram depois de enxugarmos as lágrimas que nos cobriam os olhos? Quantas mães não fizeram das suas lágrimas forças para que o mundo continue a avançar? Como conheceríamos a bonança se não houvesse tempestade? Primeiro tudo revolto, e, depois a bonança, a calmaria, que nos deixa ver para onde vamos.
Deus não iria criar as lágrimas só para nos fazer tristes, se ele as criou foi para algo mais do que viver tristezas.
Afinal também existe felicidade no meio das lágrimas, não é verdade?
Chorar faz bem, quando chorar faz falta.
Sei que às vezes ris - bastante. Mas também sei que choras - quando precisas.

Autor desconhecido
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 

Por fim


Com a alteração das rotinas do trabalho, começa a haver tempo e espaço para dedicar àqueles gostinhos que nos deliciam e antecipam as férias.
Os momentos de lazer irrompem naturalmente, com destaque para a leitura: finalmente, vou terminar “Um Milionário em Lisboa” e renovar o acervo da mesinha de cabeceira.
Outro dia passei pela Bertrand (é sempre uma tentação e um gosto que vem de longe, do tempo de juventude, quando me perdia naquele espaço mágico, por entre a imensidão de livros que pareciam seguir os meus gestos na esperança de serem folheados e talvez lidos) – divagações – e adquiri alguns que vão, por ora, esperar pelo vagar dos dias.
Entretanto, aproveitando a ida à livraria, indaguei sobre um livro que, há muito, desejo ler: Cai o Pano - O Último Caso de Poirot. Aguardo a sua chegada. Será a cereja no topo do bolo!