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quarta-feira, 29 de agosto de 2012

O poder das palavras

Na recta final de umas férias que passaram muito depressa e quase a iniciar mais um ano de trabalho, ainda resta tempo para terminar as leituras de verão.
Neste mês de férias li, com agrado, alguns bons livros, quer na forma quer no conteúdo, que me deleitaram e cativaram.
Com um sentido muito irónico e mordaz, numa crítica à sociedade actual e ao sistema político em particular, ri-me, deliciosamente, com a mestria que Francisco Moita Flores desenvolve, no seu  "A Opereta dos Vadios", a trama de um grupo de amigos que, a partir de uma ideia mirabolante e numa brincadeira contestatária, resolve boicotar o sistema político e, sem saber como, vê-se preste a vencer as eleições com o recente partido por eles criado: o PUM!
A escrita de Moita Flores tem esta particularidade: a brincar, a brincar, o autor aborda problemas bem actuais e sérios, mas com um sentido de humor contagiante que põe bem-disposto o leitor.

domingo, 26 de agosto de 2012

Despedida

Paulatinamente, os dias, com sabor a sol e terra, vão-se despedindo do Verão, muito de mansinho.
Os finais de tarde cobrem-se de nuances, pintalgadas de cores e aromas que me fazem lembrar Formilo. Como se o tempo, num compasso ilógico e intemporal, me resgatasse do presente e me pousasse num outro presente do passado.
Recuo nas memórias afectivas: intensas, imensas. Afundo-me na tranquilidade e no sossego apaziguador que as recordações me transmitem.
Mais um final de tarde que se desprende e explode em cheiros e cores: doces, agrestes, pintado de cor de laranja e amarelo.
Outrora e hoje, perco o olhar para lá do horizonte. Abandono-me à beleza de um final de dia, ao entardecer. Despeço-me.

sábado, 25 de agosto de 2012

O caderno

Aproveitando a promoção, nos produtos escolares, de uma grande superfície comercial, fui comprar o material que faltava para a minha filha.
Ora, in loco, não tive grande dificuldade nem precisei de muito tempo para confirmar o indiscutível e imensurável poder do marketing/publicidade!
Até eu, adulta, consciente, precavida, me deixei levar ao sabor do designer, dos enfeites, das cores, dos formatos, quando tive de escolher o cadernito - é assim que eu chamo ao caderno onde anoto todo o percurso de um ano lectivo, em termos de informação.
Ora bolas! Então, se vou começar um novo ano, tenho de me rodear, materialmente, do que me alegra a vista, aquece o coração e alicia a vontade!
O dito cadernito - pasme-se - até tem, em cada folha, um local preciso para pôr a data e assinalar o estado do tempo desse dia. Uau! Que minuciosidade!
Já imaginaram, daqui a uns anos, quando pegar no caderno - guardo-os todos, pois cada caderno narra a história do seu ano - poder saber que no dia X estava sol ou chuva ou enublado?
O que é que isso interessa? - pensareis vós. Lá isso é verdade, mas que não deixa de ser uma tentação - bem estudada, a psicologia feminina - em forma de mimo, também é verdade!
A compra do caderno prova-o.

quarta-feira, 22 de agosto de 2012

Ilusão

Quando era miúda, os dias pareciam prolongar-se indefinidamente e o tempo arrastava-se num compasso sem pressa, algures entre a sonolência e a dormência.
Nessa altura, na idade da Primavera, em que tudo se afigurava distante e longínquo, a impaciência dominava a ânsia do querer e do acontecer, própria da aprendizagem de ser gente.
Hoje, volvidos tantos anos, os momentos perderam a mansidão de um tempo repleto de tempo e esfumam-se por entre dias apressados e esquecidos da infância de si mesmos.
Uma ironia fina e aguçante, um olhar maturado e a inevitabilidade de um tempo que corre célere sem contemplações nem hesitações.