Ter uma filha tennager implica, entre outras coisas, assistir a programas televisivos que em circunstâncias diferentes passariam despercebidos.
Ontem, ao serão, com a atenção repartida entre o trabalho que fazia no portátil e o olhar na televisão, ia vendo o desenrolar da “casa dos segredos”.
Interrogada, uma concorrente, rindo-se da sua ignorância, abanava a cabeça às perguntas da apresentadora.
- Qual a capital de Espanha? – Silêncio e risos.
- África fica para cima ou para baixo de Portugal? (já que Norte e Sul nada significavam)
– Para cima ? - responde com uma interrogação hesitante e insegura.
- O nome de um país da América do Sul? – Mais silêncio e risos.
- Meu Deus, como é possível? - Dei comigo a pensar!
Claro que é possível! Tudo é possível num país cuja política educativa, há largos anos, se tem preocupado com a estatística, tem investido mais nos que não querem estudar, nos mal comportados, nos desinteressados, tem desautorizado os professores, tem poupado, a todo o custo, nos recursos educativos, tem avaliado os profissionais com modelos importados do estrangeiro, tem tido como ministros e secretários de estado, na melhor das hipóteses, meros teóricos da educação, tem entupido a vida das escolas com papéis, tem inundado o dia-a-dia dos docentes com burocracias acéfalas, tem feito tudo para não ficarmos admirados com a ignorância que grassa em muitos dos nossos jovens.
Haja esperança...