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sábado, 30 de janeiro de 2010

Calmaria


Caravela Vera Cruz

Porquê?

Sábado, 02:13 h, a noite mergulha no silêncio.
Lá fora, um carro solitário aventura-se na madrugada.
Olho para o ecrã! Desorientação, vazio: duelo entre o querer e a falta de inspiração.
Começo a ficar preocupada. De repente, a fonte do pensamento cessou de jorrar. Penso « é passageiro». Esta reflexão em nada contribui para a sensação que me invade. Interrogo-me « Porquê?», não obtenho respostas.
Olho, de novo, para o ecrã, reparo na desorientação do seu olhar. Não entende esta crise de palavras. Percebo, no olhar devolvido, a dúvida a nascer. Questiona-me das razões, sente-se tímido na sua nudez, culpa-me!
Não tenho respostas. Sinto o vazio, o nada: invadem o meu pensamento, desnudam-me a razão, esvaziam-me os sentimentos.
Procuro o seu olhar: parado, ausente. Cruzo-o no meu. Intuímo-nos na cumplicidade do nada.
Murmuro « o vazio das ideias cessará».
Acalma-se. Confia. Acredita.

Serenidade



Montemor