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terça-feira, 27 de julho de 2010

Bailado da noite

Sem querer parecer repetitiva, eis que, mal acabara de publicar o assunto do post anterior, se levantou uma brisa suave que aos poucos se transformou num vento agitado, morno, cortando o calor sufocante que se sentira até há bem pouco tempo, quase parecendo que o dia ouvira o que acabara de escrever sobre a sua performance e resolvera redimir-se dos desaires provocados pela intensidade da temperatura com que nos presenteou.
De um momento para o outro, sem que nada o previsse, a brisa fez-se sentir, acompanhada do seu amigo vento. Juntos abraçaram-se e, no bailado da noite, rodopiaram em passos e contrapassos agitando, com o ar que movimentavam à sua passagem, tudo o que os rodeasse. Soltos, improvisavam coreografias a dois, deslizando pelo palco do ar para deleite de todos os que sentiam a sua presença.
Deliciadas, pela frescura com que, lá fora, os dançarinos presenteavam a noite, as pessoas puderam, enfim, adormecer tranquilamente, enquanto a brisa e o vento, inspirados pela música que os seus próprios passos orquestravam, entregavam-se nos braços um do outro numa dança que se prolongou pela madrugada.
Embalada pelas carícias suaves da brisa que entrava pela janela e me refrescava o corpo, adormeci, rendendo-me ao bailado natural que vislumbrava na noite escura com cheiro a madeira queimada.