No final de um serão de trabalho, não podia terminar a noite sem dizer o que penso sobre o desenrolar da situação político-económica do país.
Assisti, com atenção, à comunicação ao país do nosso primeiro-ministro demissionário – o tal que defende que por se encontrar nessa situação não pode tomar determinadas medidas em relação a certos assuntos, mas para outro tipo de assuntos isso já não constitui problema algum.
Como dizia, assisti ao discurso feito ao país e tenho de reconhecer que o engenheiro Sócrates reúne, sem dúvida, as características necessárias para se movimentar, com todo o à vontade, na esfera política.
O senhor, numa estratégia ardilosa e bem planeada, tem vindo a conseguir reverter a seu favor todos os factores que jogavam contra si, através de um discurso demagógico, de vitimização, como se a aprovação do PEC IV viesse solucionar um problema que se arrasta há já bastante tempo, mas que nos últimos anos piorou drasticamente.
Definitivamente Portugal tem vivido acima das suas possibilidades. O nosso país (e somos todos nós) não soube comportar-se ao mesmo nível da maior parte dos outros países europeus no que respeita à aplicação dos fundos e subsídios que recebeu.
Nós, um país pequeno, de repente ofuscámo-nos com as facilidades que nos eram oferecidas: créditos e mais créditos para tudo e para nada. Mas o mais importante, aquilo que efectivamente constituía o motor de desenvolvimento do nosso país, a produção, o gerar riqueza, caiu no esquecimento, senão mesmo desapareceu. Começámos a comprar quase tudo ao estrangeiro. As nossas indústrias fecharam, os bens de primeira necessidade não conseguiram competir, em termos de preços, com os dos parceiros europeus ou mesmo dos países asiáticos. A produção retrocedeu. Começámos a gastar mais do que produzíamos. O prazo que nos foi concedido para a entrada dos subsídios esgotou-se e, de repente, a crise económica mundial estalou pondo em perigo as economias dos países, principalmente dos mais frágeis. Portugal ressentiu-se e foi inevitável chegarmos a esta situação.
Mas a culpa tem também muito a ver com as políticas erradas que foram seguidas nos últimos anos, pelos nossos governantes: Decisões erradas, compadrios, cunhas, boys, fundações quase fantasmas, excesso de gastos em muitos sectores do funcionalismo público, reformas demasiado cedo e bastante chorudas, gasto de dinheiro em futilidades, entre muitos outros factores.
E perante isto tudo não percebo - aliás até percebo bem demais – como é possível que aquele que se encontra há seis anos à frente dos destinos e das decisões do e para o país, vir agora vitimizar-se, optando por um tipo de discurso, que é já campanha política pura.
Os nossos políticos preocupam-se mais com eles próprios do que com o país que deveriam governar de um modo justo e verdadeiro. Veja-se, ainda hoje, o episódio que ocorreu antes da entrada em directo do engenheiro Sócrates. Por um lapso, a TVI estabeleceu, demasiado cedo, a ligação com à residência oficial do primeiro-ministro e este, sem saber que estava a ser filmado em directo, perante o estado gravíssimo em que o país se encontra, preocupou-se com a posição corporal que deveria adoptar frente às câmaras da televisão, quando entrasse em directo.
A situação é deveras grave e preocupante e os portugueses, no dia 5 de Junho, vão ter a possibilidade de dizer quem querem para comandar este “barco” que, há muito, anda à deriva.
É tempo de ouvirmos bem, reflectirmos, não irmos em conversas, analisarmos com atenção os programas dos vários partidos políticos e, de uma vez por todas, dignificarmos a governação política neste país.
A Democracia é isso mesmo, temos essa possibilidade, não podemos deixá-la escapar. Há que ser consciente e tomar a decisão que for mais correcta para o bem da Nação e, acima de tudo não nos deixarmos levar por lobos com pele de cordeiros e falinhas mansas.
É hora de sermos PORTUGUESES!