Faz hoje, dia 13 de Junho, 123 anos que nascia, em Lisboa, um dos maiores poetas, escritores e intelectuais portugueses de todos os tempos: Fernando Pessoa.
A genialidade e a facilidade com que verbalizava, através da poesia, estados de alma, e maneira de ser, tornam-no imortal.
E porque não possuo a destreza e a arte de Pessoa, homenageio-o, particularmente hoje, num dos seus heterónimos, Álvaro de Campos, apropriando-me de um poema seu, fazendo minhas as palavras do poeta.
- Não, não é cansaço...
- É uma quantidade de desilusão
- Que se me entranha na espécie de pensar,
- E um domingo às avessas
- Do sentimento,
- Um feriado passado no abismo...
- Não, cansaço não é...
- É eu estar existindo
- E também o mundo,
- Com tudo aquilo que contém,
- Como tudo aquilo que nele se desdobra
- E afinal é a mesma coisa variada em cópias iguais.
- Não. Cansaço por quê?
- É uma sensação abstrata
- Da vida concreta —
- Qualquer coisa como um grito
- Por dar,
- Qualquer coisa como uma angústia
- Por sofrer,
- Ou por sofrer completamente,
- Ou por sofrer como...
- Sim, ou por sofrer como...
- Isso mesmo, como...
- Como quê?...
- Se soubesse, não haveria em mim este falso cansaço.
- (Ai, cegos que cantam na rua,
- Que formidável realejo
- Que é a guitarra de um, e a viola do outro, e a voz dela!)
- Porque oiço, vejo.
- Confesso: é cansaço!...