Naqueles fugazes momentos em que o tempo entontece e confunde os vários estados de tempo de cada estação, os finais de tarde, surpreendentemente, explodem em horizontes matizados de cores fortes e quentes, apetecíveis, pincelando a paisagem soberba em aguarelas de poesia, adornada pelo canto melodioso dos pássaros, pelas tímidas folhagens, aqui e ali, a despontar nos ramos, ainda despidos, das árvores acordadas do Inverno, pelo florescer de aromáticos e deliciosos frutos, que hão-de cair amadurecidos e saciados de vida.
Na quietude do dia que finda, na tranquilidade da noite que irrompe, esqueço a consciencialização do eu e permito que os pensamentos se fundam com as memórias de si próprios.