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terça-feira, 7 de outubro de 2014

Fragilidade


Hoje acordei cedo (por obrigação, não por escolha) e quando isso acontece o tempo dá para quase tudo. Por isso, decidi sentar-me um pouco em frente a este ecrã e escrever.
Sim, despertei para o dia com uma vontade imensa de escrever qualquer coisa, qualquer coisa, qualquer coisa, das muitas que ocorreram desde a última vez que aqui estive (ou pelo menos que me servisse de ponto de partida para a inspiração, já que as ideias são pombas brancas esvoaçando no pensamento, agrilhoadas à liberdade).
A morte é sempre desgostosa e quando surge do nada, sem se anunciar, nem dar indícios, envolve-nos numa imensa tristeza, por vezes até perplexidade. Quando isto acontece, uma força misteriosa e forte leva-nos a parar a agitação distraída em que vivemos e pensamos e reflectimos e lembramos e tantos pensamentos se precipitam…
À medida que os dias passam e distraidamente se estendem em meses e anos, apercebemo-nos de que também mudamos com eles e passamos a perspectivar o que sucede de um outro modo: diferente, talvez mais maturado, menos inflamado, mais pensado, mais crescido.
A aproximação ao divino, a procura mística surgem como um processo natural do desenvolvimento do espírito. Talvez por isso ou também por isso percebemos o quão pequeninos nós somos face à imensidão dos mistérios do universo: ínfimas partículas, muitas vezes à deriva, buscando sentidos, razões, explicações para o que não entendemos, para o que não controlamos, para o mistério que também somos e a que pertencemos.
Nesta busca pessoal, única e individual, a vida apresenta-se-nos como uma viagem de muitas etapas, alguns obstáculos e inúmeras aprendizagens num percurso de aperfeiçoamento e melhoria, de crescimento espiritual, de libertação (qual dama fugidia e indomável que nos envolve em volúpias sensações) do que éramos para o que podemos ser, do que queremos e (talvez mais importante) do que, de todo, dispensamos, onde o erro é terapêutico porque impele à mudança, quando este ganha consciência em nós.
Hoje, sem dúvida, brotou em mim uma vontade imensa de me (des?) escrever em palavras:
       afloradas de emoção,
                               perfumadas de afecto,
                                                esculpidas na recôndita fragilidade de mim.