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sábado, 15 de março de 2014

Do outro lado


Existir implicará, sempre, viver momentos de alegria, mas também de tristeza.
Os de alegria são como uma fonte de água incrustada na imensidão do deserto que sacia e retempera a esperança, tão necessária para enfrentar os momentos de tristeza.
O desgosto, a infelicidade, a dor, associados à perda, dificilmente, se conseguem ultrapassar e jamais esquecê-la.
É comum dizer-se que o tempo é um bom aliado. Contudo, há situações em que ele apenas anestesia o sofrimento, porque a saudade é tão forte, tão intensa que o domina por inteiro, impedindo-o de desaparecer. É uma ferida sempre aberta.
Quando essa perda contraria as leis naturais, então, a vontade de existir parece abandonar quem permanece.
Não deve haver maior dor do que a da perda de um ser que gerámos, moldámos, amparámos, demos asas para voar e, por fim, libertámos para a vida.
Hoje, por breves instantes, tão breves como o eco de um som perdido, na saudação de um cruzar, de novo, a presença imperativa da dor, espelhada em palavras – poucas – nuns ombros caídos, no olhar brilhante de um marejar que se susteve!
Em momentos destes, apesar de o Sol continuar a brilhar, o sabor do fim-de-semana manter-se e o pertencer fisicamente ao universo ser muito bom, o curso do dia ficará marcado pela reflexão e pela seriedade do sentir.