Existir implicará, sempre, viver momentos de alegria, mas também de tristeza.
Os de alegria são como uma fonte de água incrustada na imensidão do deserto que sacia e retempera a esperança, tão necessária para enfrentar os momentos de tristeza.
O desgosto, a infelicidade, a dor, associados à perda, dificilmente, se conseguem ultrapassar e jamais esquecê-la.
É comum dizer-se que o tempo é um bom aliado. Contudo, há situações em que ele apenas anestesia o sofrimento, porque a saudade é tão forte, tão intensa que o domina por inteiro, impedindo-o de desaparecer. É uma ferida sempre aberta.
Quando essa perda contraria as leis naturais, então, a vontade de existir parece abandonar quem permanece.
Não deve haver maior dor do que a da perda de um ser que gerámos, moldámos, amparámos, demos asas para voar e, por fim, libertámos para a vida.
Hoje, por breves instantes, tão breves como o eco de um som perdido, na saudação de um cruzar, de novo, a presença imperativa da dor, espelhada em palavras – poucas – nuns ombros caídos, no olhar brilhante de um marejar que se susteve!
Em momentos destes, apesar de o Sol continuar a brilhar, o sabor do fim-de-semana manter-se e o pertencer fisicamente ao universo ser muito bom, o curso do dia ficará marcado pela reflexão e pela seriedade do sentir.