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quarta-feira, 26 de maio de 2010

" O Mostrengo"

"O mostrengo que está no fim do mar
Na noite de breu ergueu-se a voar;
À roda da nau voou trez vezes,
Voou trez vezes a chiar,
E disse: «Quem é que ousou entrar
Nas minhas cavernas que não desvendo,
Meus tectos negros do fim do mundo?»
E o homem do leme disse, tremendo:
«El-rei D. João Segundo!»
in, MENSAGEM de Fernando Pessoa-
Segunda Parte: Mar Portuguez
- O Mostrengo


Chegaste de olhar precavido, de ser magoado pelas agruras da vida.
Surgiste do nada: a noção temporal da lembrança perde-se na memória esquecida da desatenção.
Soube-te, antes de te conhecer.
E "o mostrengo, que estava no fim do mar", era apenas um ser que queria amar!