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segunda-feira, 24 de maio de 2010

O arco-íris e a pequena nuvem


Era uma vez um arco-íris, envergonhado, que, lá bem no alto, por entre as nuvens, fazia-se anunciar, sempre que o sol e a chuva mediam forças, numa batalha, já tão antiga como o próprio tempo!
Quando isso sucedia, o arco-íris, espreitava o céu e, timidamente, surgia por entre as nuvens que lhe aconchegavam a existência, sorria e, fazendo-o, deixava transparecer toda a beleza das suas sete cores que pincelavam a paisagem em seu redor. Era um lindo arco-íris, tímido, um pouco teimoso, mas com um coração grande, tão grande como o espaço que as suas cores pincelavam.
Certo dia, em que o sol e a chuva acordaram mais rezingões e a batalha parecia não terminar, o arco-íris, impedido de regressar ao conforto macio do aconchego das nuvens, pairou por mais tempo na curva do céu, intensificando as cores que o compunham. Olhou e reparou numa pequena nuvem branca que, com ar triste, chorava gotas de água. Aproximou-se de mansinho e, com voz meiga, perguntou-lhe porque chorava ela. A nuvem, extasiada com as cores intensas daquele arco, parou o choro, limpou as lágrimas a um farrapinho que se soltara de si própria e, numa vozinha amedrontada, contou-lhe a sua história.
Enquanto passeava pela imensidão do céu, distraíra-se com a paisagem que observava a seus pés. Lá em baixo, via pessoas que corriam atarefadas, com ar sério, como se procurassem o desconhecido e, sem se aperceber, fora ficando para trás. As outras nuvens tinham continuado o passeio e ela perdera-se das suas irmãs e não sabia como as encontrar.
Então, o arco-íris pegou na pequena nuvem, colocou-a nas suas costas arqueadas e, brilhando com toda a intensidade que conseguiu, coloriu o céu, matizando-o de cores fortes e vivas.
Em baixo, as pessoas despertas pelas cores de um arco-íris tão belo e vivo, pararam a azáfama da correria em que viviam e observaram-no, admiradas por verem, no meio do seu arco, uma pequena nuvem tão colorida, irradiando luzes de várias tonalidades.
De repente, parecia que o céu se tinha enfeitado de mil cores para festejar o fim da briga entre o sol e a chuva. A beleza que emanava daquela pequena nuvem, encavalitada nas costas de um arco-íris, despertou a atenção de todas as outras nuvens que depressa correram procurando o foco da luminosidade.
A pequena nuvem, reconhecendo as suas irmãs, desceu das costas do arco-íris, lançou-lhe um sorriso aberto, acenou-lhe e correu para se juntar ao enublado do céu.
O arco-íris, feliz por ver a alegria da pequena nuvem, espreguiçou-se e, aproveitando o final da briga entre o sol e a chuva, retirou-se para o aconchego da sua existência.
Cá em baixo, todos os que testemunharam tamanha beleza, juravam que nunca tinham visto um arco-íris tão belo e intenso nas suas cores.
Ouvindo-os, o arco-íris sorriu e, descansando a cabeça numa fofa almofada de nuvens, adormeceu.