Desde que as aulas terminaram que não me consigo ver livre de papéis: PCT, exames, relatórios disto e daquilo, grelhas, actas, uma panóplia de documentos...
Se alguma dúvida ainda me assolasse, a realidade circundante grita-me que não é impressão minha.
A esta hora da noite, de volta da conclusão de um PCT, sinto-me no epicentro da burocracia, aquela que foi sendo, sucessivamente, introduzida, decretada pela vaga de políticos que vão ocupando o pedestal da governação. Burocracia não implica, necessariamente, qualidade ou grau de exigência. Parece-me que os políticos ainda não o perceberam. Geralmente, quando há insegurança no exercício do cargo desempenhado, os tecnocratas do poder refugiam-se na obrigatoriedade da papelada, procurando disfarçar a segurança que não sentem. Ilusões!
São estes políticos que impõem medidas - algumas completamente desnecessárias pois não acrescentam nada à qualidade do ensino e à resolução de alguns dos graves problemas que invadem as nossas escolas -que, na sua vida particular, servem-se dos conhecimentos e dos cargos partidários que desempenham, para ludibriarem o sistema, em proveito próprio e conseguirem obter, por meios muito dúbios – não lhe quero chamar outro nome - em tempo reduzidissímo, as qualificações académicas que têm tudo menos rigor, veracidade, transparência nos trâmites do processo.
Quando é que se começou a perder a vergonha, se fez da mentira, da trafulhice, do jogo baixo, do vale tudo, os valores morais de alguns?
A bola de neve ainda agora começou a rolar!