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terça-feira, 1 de novembro de 2011

Caminhada Solitária

Hoje é Dia de Todos os Santos, um dia celebrado no mundo ocidental e por todas as pessoas que seguem o Cristianismo. É um dos vários feriados religiosos do nosso calendário. É o dia em que se veneram todos aqueles que fizeram das suas vidas um caminho de santidade no anonimato.
Como é da tradição, o nosso povo aproveita este dia para homenagear os seus entes queridos, já partidos. Assim, Dia de Todos os Santos e Dia de Finados quase se confundem.
Este dia traz-me à memória um tempo que não volta, um tempo perdido no passado, um tempo não esquecido no presente.
Há muitos anos atrás, religiosamente, neste dia do ano, o meu pai saía bem cedo de casa, em Sintra e visitava todos os espaços onde enterrara a memória física de quem lhe fora querido. Neste dia preciso, o meu pai foi, desde que me lembro, anos sucessivos, de Sintra a Lisboa e daí a Setúbal, numa caminhada solitária, em honra dos que amara.
 Hoje, passado tanto tempo, ainda recordo aquele dia em que meu pai saía de manhã e só regressava à noite. Era uma ausência que, na altura, não significava nada para mim. Foi uma ausência decifrada muitos anos depois…
Hoje, gostaria de o ter acompanhado nesse percurso que o transportava às recordações da sua infância, da sua adolescência, em imagens só dele.
Hoje, gostaria de, naquele passado, ter tido a maturidade que me permitisse perceber a importância daquela caminhada solitária.
Hoje, quando por fim percebi, é tarde!
Fica a lembrança, fica a saudade, fica a memória de meu pai em mim.