Translate

sábado, 7 de abril de 2012

Caminhando

Hoje “descobri “que o melhor momento para soltar o pensamento e libertar as ideias é quando somos obrigados a ficar quietos, parados, numa aparente dormência.
É em alturas dessas que o sótão da memória, afectiva e sensorial, solta imagens retalhadas, sobrepostas, às vezes confusas que saem numa cavalgada em tropel, obrigando-nos a correr atrás de possíveis sentidos e significâncias.
A arte de confeccionar um tradicional e delicioso arroz doce tem muito a ver com a paciência e com a delicadeza de cada gesto repetido, refeito, e prolongado no tempo. Sem pressa, calmamente, num ritual demorado, sempre sem paragens, durante cerca de hora e meia, há que mexer o arroz e o leite num movimento cadenciado, repetitivo e monótono, mas necessário.
De olhar fixo e hipnotizado para além do arroz que mexia, distraidamente adormecida pelo torpor que me invadira, assolam-me fragmentos de conversas que se atropelam e se cruzam qual quadro surrealista de traços não decifrados” (…) perdoai os nossos pecados assim como nós perdoamos a quem nos tem ofendido”; “a perfeição minuciosa e equilibrada dos elementos da Natureza não pode ser obra do acaso”.
O espírito salta de reflexão em reflexão, de evocação em evocação para, por fim, ser desperto pelo aroma adocicado que se solta e inebria os sentidos.
Saibamos perceber que o caminho que conduz à perfeição precisa de tempo, paciência, cuidado e muito amor em cada detalhe que vai acontecendo. Tal como o arroz doce!
O desejo de uma santa e consciente Páscoa para todos vós!