Sempre perspectivei “o ler” como um momento de intensa afectividade entre o livro e eu, leitora. Ler é um dos modos de gerir aqueles bocadinhos de tempo que sobram do tempo formal, obrigatório, imposto, de cara sisuda e ar autoritário.
Pegar num livro, folheá-lo, respirar o cheiro que se desprende do passar do papel, sentir a macieza de cada folha ornada de letras, de sentidos por descodificar, enriquece-me, extasia-me, fascina-me!
Hoje terminei a leitura do “Codex 632”: ficção romanceada de cariz histórico, trama bem urdida em torno da enigmática figura do descobridor das Antilhas, Cristóvão Colombo.
Desde as primeiras páginas (mais uma vez) o presente reencontra-se com o passado, entrecruzam-se: duas histórias paralelas; um elo de ligação; a presença de valores inquestionáveis, que atravessam o tempo e continuam a ser importantes na actualidade; uma certeza refortalecida: a grandiosidade estadista de D.João II, que defendeu, acerrimamente, os interesses de Portugal de um modo ímpar.
Sem dúvida que a História soube escolher, de forma notável, o cognome que lhe atribuiu, “O Príncipe Perfeito”. Não tanto pelos métodos utilizados, antes pelos fins que os serviram: a salvaguarda dos interesses económicos de Portugal face à rivalidade de um reino vizinho, poderoso e grandioso, num contexto político e estratégico que forçou a redesenhar, graças à sua inteligência, visão e perspicácia.
Que o passado ensine o presente!