Translate

quarta-feira, 18 de dezembro de 2013

A César o que é de César


  Hoje sinto-me mais leve, uma vez que a reunião da minha direção de turma já se realizou. A preocupação maior já passou, mas não algumas obrigações profissionais que terei de cumprir nesta breve interrupção lectiva.
Daqui a pouco vou, finalmente, montar o Presépio!
Por isso, dei uma vista de olhos, mais demorada, pela caixa de correio electrónico e atentei num email que me foi enviado, mais concretamente num determinado parágrafo! Mas antes, uma breve contextualização da ideia a desenvolver.
Como sabem, realizou-se, hoje, a prova de acesso à profissão docente para todos os que se encontram em situação de contratados, independentemente do número de anos de serviço que possuam. É uma falácia quando o ministro afirma que estão dispensados os professores com cinco ou mais anos, uma vez que se o espírito fosse esse, tal directiva tinha efeito imediato e não obrigava a que fossem os candidatos a ter de pedir a isenção da realização da prova, como aliás aconteceu.
Há relativamente pouco tempo, anulei a minha sindicalização daquele que foi o meu sindicato desde o primeiro ano de aulas. Fi-lo por um conjunto de razões díspares, mas também porque me comecei a não rever em determinadas tomadas de posição e/ou intervenções dos seus representantes. Continuo, no entanto, a considerar que é a estrutura sindical que mais defende os interesses da classe profissional a que pertenço. Esclarecido este ponto, entro directamente no assunto.
A propósito da greve ao serviço de vigilância à prova de acesso à profissão, de modo a impedir a realização da mesma - se o ministério considera ser aquele o género de prova que testa a capacidade dos candidatos a professores, enfim… -, uma vez que não concorda com ela, o meu ex sindicato emitiu uma nota à comunicação social dando conta do balanço do dia.
No parágrafo em causa, pode ler-se: De registar, negativamente, apesar de em baixo número, os docentes que abdicaram de afirmar a sua solidariedade para com os seus colegas sujeitos à prova e de defender a dignidade da sua profissão. Ao fazê-lo, poderão ter prestado um bom serviço ao governo e um mau serviço a toda uma classe, pondo-se, declaradamente, ao lado de Nuno Crato contra os seus colegas e contra si próprios. E foram estas palavras que me impulsionaram para a escrita deste texto, uma vez não concordar com a tomada de posição de quem as escreveu e critico-as.
Para tal, eis os meus argumentos: cada qual é livre de ter a sua opinião e de agir de acordo com ela; o facto de alguns professores não terem aderido à greve, não significa que estejam de acordo com a prova; os motivos de cada um não têm de ser questionados, já que vivemos numa sociedade democrática, que pugna pela liberdade de pensamento e de posicionamento; o sindicato deve preocupar-se em defender os interesses dos seus associados, fazendo sindicalismo e não imiscuir-se nos meandros da política, como se fosse um partido da oposição; esquece-se que os que não aderiram também são professores e não é, de todo, da sua competência ajudar a dividir o que já não tem muita união; ao escrever aquelas palavras passa para a opinião pública uma má imagem, não ajudando, em nada, a classe!
Por esta situação e por outras similares é que me afastei, demarquei e tomei a decisão de “rasgar o cartão”.
Esclareço desde já que, se a minha escola tivesse sido seleccionada para a realização da tal prova, hoje, teria feito greve, o que não acontece há já muitos anos pois, sinceramente, não me ia sentir nada bem no papel de vigilante de pessoas que são meus colegas.
Para isso, não contem comigo!