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quinta-feira, 3 de abril de 2014

Diário de bordo

 
 
Realizar uma visita de estudo debaixo de uma enorme carga de água quase contínua, a fazer lembrar o dilúvio, rodeados de muita vegetação (ainda mais ensopada do que nós), com os miúdos a correrem de um guarda-sol (decididamente, hoje, foi um guarda-chuva) para outro, pouco ou nada preocupados com as intensas e persistentes bátegas que tudo encharcavam, tornou-se um momento bem molhado, mas único e inesquecível.
Sem dúvida que o Choupal constitui um espaço natural maravilhoso, deveras pacificador, convidativo ao passeio, à descontracção, à reflexão e também à aprendizagem e prática de exercício físico, mas sob chuva, torna-se complicado deambular pelos imensos percursos pedestres existentes, pelos múltiplos trilhos rodeados de muita e diversificada vegetação que se abrem ao visitante.
De mochila às costas, protegidos por um amplo céu de chapéus-de-chuva, saltitando de poça em poça, contornando os charcos lamacentos presentes no trajecto e a embrenharmo-nos na vegetação, quase parecíamos um bando de exploradores na demanda de alguma arca perdida, a fazer lembrar o Indiana Jones num filme de acção e aventura.
Um cenário bem do agrado desta faixa etária de alunos que, no fim da primeira parte da visita, pareciam ter saído da guerra do Vietnam, tal era a quantidade de terra, lama e água visíveis nas sapatilhas, nas botas e nas calças.  
Os mais optimistas não se cansavam de afirmar que este estado do tempo se mantinha só até às dezasseis horas, pois, a partir daí, o sol espreitaria por entre umas nuvens menos carregadas. Não se enganaram, mas já não nos valeu de muito, porque era quase hora de regressar.
Agora, no sossego (bem merecido) da casa, olho pela janela e o final do dia assemelha-se a uma daquelas pinturas a óleo ou aguarelas naturalistas que vimos na exposição permanente no Edifício Chiado, com traços de Primavera.
Quer professores, quer alunos, de certeza, jamais esquecerão esta visita de estudo, dadas as particularidades de que se revestiu. Digamos que foi uma maneira bem diferente de terminar o 2º período: não pelo processo, antes pelas condições!