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domingo, 4 de dezembro de 2011

Burocracia


Não imaginam a pilha de testes que, de súbito, se amontoou na minha secretária. 
De um dia para o outro, o monte de papéis disparou. 
A aproximação do final de um período escolar é sempre uma correria, uma azáfama, uma carga de trabalho que gira à volta dos papéis e mais papéis: são os testes para corrigir e cotar; as grelhas para preencher; as faltas para lançar; as estatísticas para elaborar; a auto-avaliação para realizar; a proposta de notas a apresentar; as informações para fazer chegar aos encarregados de educação; os relatórios de mil e umas coisas a completar; os planos a efectuar; outros a avaliar; medidas a inventar para alunos que nalguns casos não querem estudar (perdi-me nesta enumeração, sinto que algo me escapa). 
O mar da burocracia que galgou as nossas escolas, invadiu os serviços e aprisionou-nos na teia de malha apertada, não é mais que um reflexo da nossa própria sociedade. 
Como profissionais, enquanto continuarmos a dar primazia à burocracia assente na obrigatoriedade do preenchimento da papelada, com o consequente desgaste, desperdício de tempo e recursos, dificilmente conseguiremos aumentar a nossa produtividade que tanto é necessário. 
Ah, Portugal, Portugal, perdeste a racionalidade e a objectividade quando te deixaste dominar pela insegurança disfarçada de certezas inquestionáveis dos mangas-de-alpaca que te seduziram!

Adenda: Olhando, corajosamente, para a resma que me aguarda e me chama, neste domingo cinzento e sorumbático, suspiro de resignação, perdida no meio de tanto papel.