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terça-feira, 9 de março de 2010

Esboço de um retrato

De pele escurecida, pelo sol da vida deambulante que cedo o moldou, de olhos e cabelos castanhos, num rosto bolachudo, com ar bonacheirão, num corpo alargado de gente ainda por amadurecer...
De semblante exclamativo, perante as interrogações não percebidas das obrigações impostas, impermeabiliza-se à absorção cultural gerada no convívio quotidiano.
O aparente desinteresse pelo que o rodeia, é a forma, mais conseguida, de comunicar, aos estranhos, a renúncia e a incompreensão do meio que não é o seu, numa batalha diária entre o ter de ser e o não querer, em constante negação, na incompreensão das diferenças, desencontro de opostos, diálogos surdos de uma língua não sabida, de uma cultura não entendida, de valores não percebidos.
A recusa aos outros, na não-aceitação das regras estabelecidas, é a arma privilegiada para defender a identidade que sente ameaçada, no medo de esquecer as referências ancestrais que o moldaram como o Ser que é.