O vendaval intensificou-se e, num redemoinho em espiral, sorveu tudo por onde passou, aniquilando, sem piedade nem remorsos, vidas, esperanças, sonhos.
Há muito que os indícios – despercebidos para a maior parte - apontavam para o desfecho que ninguém ousava sequer pensar, tal a força devastadora que ameaçava emergir da tempestade.
Na ignorância de muitos e no fingimento de poucos, vivia-se na abundância, mera quimera, utopia enganadora com prazo marcado.
Teciam-se planos, rendilhavam-se ilusões e o futuro imaginava-se tranquilo e risonho.
Sem mais, a realidade impôs-se: dura, preocupante, desesperante. O acordar para a verdade tragou, na força da enxurrada, vontades, certezas, quereres.
Nos rostos marcados, nos espíritos doridos, vincados de rugas, dormentes de raiva, a angústia do devir, a incerteza do amanhã.
Porém, uma réstia trémula de luz esbate as sombras escuras do presente, entreabrindo um rasgo de esperança.
Porém, uma réstia trémula de luz esbate as sombras escuras do presente, entreabrindo um rasgo de esperança.