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segunda-feira, 14 de junho de 2010

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Na recta final de mais um ano lectivo e na sequência da preparação de um conteúdo programático, “textos utilitários”, de repente, parei o trabalho, recostei-me na cadeira e o esboço de um sorriso começou a desenhar-se-me nos lábios, perante um pensamento que brotara de rompante. Uma traquinice de escrita começava a esboçar-se na minha mente: agradou-me.
Face a uma parte da matéria que ainda iria trabalhar nos poucos dias que faltam,” os anúncios”, resolvi imaginar uma troca de papéis: de professora, eu passaria a ser a aluna, pronta a praticar a teoria transmitida. E quando me fosse pedido que redigisse um anúncio eu (impossível esquecer por completo as preocupações de adulta por mais troca de papéis que possa imaginar) escreveria o seguinte:
“ Procura-se, com a máxima urgência, pessoa adulta (não interessa o sexo, credo ou cor) honesta, trabalhadora, íntegra, com espírito de abnegação, que fale só a verdade, disposta a actos altruístas em prol dos interesses colectivos de uma nação e que tenha a coragem de tomar as medidas necessárias para erguer a moral de um povo, destronado do seu orgulho, vontade e esperança, sem recurso a compadrios, cunhas e pagamento de favores.
Resposta urgente ao gabinete do cidadão anónimo, ferido na alma, esgotado no âmago de si mesmo, quase a desistir, não de ser português, mas do seu país, incrédulo perante a acção de uma classe política e suas encenações teatrais, que não resolvem os problemas do país, mas antes os agravam, “
Assinado: um cidadão anónimo, à beira de uma crise de revolta e com a paciência a atingir o limite do suportável!”