Quando era miúda, os dias pareciam prolongar-se indefinidamente e o tempo arrastava-se num compasso sem pressa, algures entre a sonolência e a dormência.
Nessa altura, na idade da Primavera, em que tudo se afigurava distante e longínquo, a impaciência dominava a ânsia do querer e do acontecer, própria da aprendizagem de ser gente.
Hoje, volvidos tantos anos, os momentos perderam a mansidão de um tempo repleto de tempo e esfumam-se por entre dias apressados e esquecidos da infância de si mesmos.
Uma ironia fina e aguçante, um olhar maturado e a inevitabilidade de um tempo que corre célere sem contemplações nem hesitações.