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segunda-feira, 28 de janeiro de 2013

Coisas do tempo


A seguir a uma tempestade revolta, inundada e ventosa, surge sempre a bonança em forma de quietude e calma.
Depois de um período bem alagado, com estragos pelo meio, eis que o tempo meteorológico parece querer dar tréguas e despir as vestes das últimas semanas.
Ainda bem, pois a continuar assim, o verdete invadia-nos até a alma!
Hoje, lá no alto, cintilante e escuro, uma lua prateada e bem redonda parecia querer proclamar o fim da tristeza do tempo.
Algures, aqui em baixo, olhei para o céu, cravejado de minúsculos pontos luzentes, prateados, iluminados pelo brilho intenso de uma lua avantajada e saboreei a serenidade da noite que se abria, por fim, numa alegoria de saudade, há muito desejada.




quarta-feira, 16 de janeiro de 2013

Os desígnios de um país




Parece-me que, nos últimos tempos, andamos todos um pouco baralhados, confusos, descrentes: com os nossos políticos; com os especialistas e as suas avalizadas opiniões; com os resultados dos estudos técnicos encomendados; com as medidas neles apontadas, mas disfarçadas de sugestões; com a variedade de opiniões que se cruzam e se gladiam em fervorosas discussões; com a informação veiculada pelos órgãos de comunicação social; com a constatação de que a realidade, independentemente, da cor partidária, do génio discursivo ou da eloquência do orador, é difícil, é dura, é a nossa.
Os tempos são incertos, imprevisíveis, inconstantes: deita-se adormecido num contexto económico, político e social com determinados contornos e, em escassas horas de sono, tudo se pode alterar, numa reviravolta, qual passe de mágico que azurzia qualquer um.
Como planear o que quer que seja? Como pensar em soluções? Como encontrar estratégias? Como gerir uma casa? Como administrar um pecúlio se os pressupostos se alteram em fracções de tempo? Que angústia, quase impotência!
Este velho e venerável continente foi, no passado, o centro estratégico de decisões que influenciaram o mundo, que escreveram a História.
Europa, outrora estratega arguta e resoluta, adormeceu no reflexo narcisista de si. Sonhou por demasiado tempo. Quando acordou, apercebeu-se de quão ilusório fora o seu longo sono. A vida passara-lhe ao lado: disfarçada, silenciosa, matreira, arquitectando novos donos e senhores com a sua própria complacência e anuência.
Agora, corre e, com ela, todos nós, numa corrida desenfreada, quase perdendo o fôlego, com o esforço da passada, ora meios perdidos ora meios encontrados, com muitas dúvidas e um senão: deixarmo-nos vencer pelo cansaço, mas, acima de tudo, a certeza de que é proibido desistir.