De novo, o
mês de Agosto foi marcado, infelizmente, pelo flagelo dos incêndios que, por
insensatez de alguns, maldade de outros e fortes interesses económicos à
mistura, abrasou, ainda mais, o intenso calor que se sentiu.
Incêndios que
reduziram a cinzas hectares e hectares de floresta, onde o verde se pintou de
escuro, onde a vida foi tragada pela destruição e pela morte, qual Inferno de
Dante.Todos os anos o cenário se repete. Todos os anos se ouve afirmar que é importante a prevenção com a limpeza das florestas, com a justiça a ter uma mão mais pesada para os incendiários, muitos deles meros fantoches manejados na sombra da sede do poder de quem nunca é apanhado. Todos os anos este cenário dantesco inunda os noticiários, dia após dia, até que as altas temperaturas baixem, o país regresse de férias, a polícia faça as primeiras detenções, os soldados da paz retornem ao descanso mais que merecido e a calmaria se instale, manhosa e vigilante, aguardando pela chegada de mais um Verão.
E as vidas humanas – autênticos actos de altruísmo e abnegação - que se perderam para que outros se salvassem? Essas merecerão uma homenagem em forma de lápide, serão lembradas com os próximos fogos, mas a dor imensa de quem os amava nunca se apagará, arderá eternamente no coração dos que ficaram.
Para eles e todos os que, ano após ano, estoicamente, se esquecem da própria vida em prol da dos outros, uma pequena homenagem em forma de texto.