Hoje, enquanto limpava a secretária, fui dar com uma pen, já antiga, que se perdera pelas profundezas de uma das gavetas.
Olhando-a, tentava lembrar-me que conteúdos encerraria, numa ansiedade, natural, de quem tem pressa em desvendar segredos pressentidos.
Era uma pen, há muito, não utilizada por ter esgotado a sua capacidade. Abri-a e perdi-me na infinidade de pastas, documentos e imagens. Explorei cada um dos materiais nela guardados. Saboreei, em recordações avivadas, momentos passados, emoções sentidas, ideias defendidas, verbalizações do pensamento.
Cada texto que relia, cada imagem que o olhar percorria, projectava-me para o passado, numa viagem pela rota da memória, trilhada, muitas vezes, em caminhos, sinuosos e difíceis de percorrer, ladeados de recordações de saudade.
E percebi a inevitabilidade do passado no Ser do presente.