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domingo, 17 de janeiro de 2010

A Outra Parte de Mim

O dia termina. A noite chega de mansinho, sem pressas, dona de tudo e com ela o tempo parece não ter pressa, espreguiçando as suas esbeltas horas em longos e lentos minutos. Á noite, o tempo não tem pressa. Anoitece lá fora e dentro de mim.
Mais uma noite. Em redor, o silêncio estende-se à Natureza e embala os meus pensamentos. Ligo a música: calma, tranquila, apropriada ao momento.
Recosto-me, suavemente, e deixo o pensamento voar ao acaso, sem rédeas, sem pressas, sem metas. Dou-lhe total liberdade para poder viajar até onde o seu desejo o levar. Longe , perto, não me interessa. Hoje, agora não quero saber! Não é importante.
Eu, o eu consciente, o de todos os dias, padronizado, pensado, formatado, finda ao chegar a noite, quando, calmamente, me recosto e deixo o pensamento vaguear e levar-me para mundos interiores onde não há limites, tudo é possível.
No fascínio da noite, o silêncio esculpe-me em contornos perfeitos e passo a ser apenas éter, volátil,levada em espirais de ideias, que se atropelam e se misturam, em quadros de pensamentos surrealistas.
No silêncio da noite,deixo o pensamento apoderar-se de mim e fujo com ele em aventuras impensáveis, procurando a outra parte de mim...