Tal como o sol que coloriu o dia com os seus raios dourados em tons de Outono, assim o meu eu, emotivo, inspirado pelas tonalidades dos afectos, resplandeceu em raios de sentires.
Entre o espaço que separa um descanso quase a terminar, e o trabalho prestes a recomeçar, fundo-me com o tempo, abandono-me às recordações: é o momento da noite em que a noção temporal perde importância. O tempo abre-se num hiato em espiral onde os afectos e as emoções constituem as memórias mais importantes do dia que finda: olhares que se entendem, silêncios que comunicam, gestos que traduzem sensações.
No final deste hiato temporal, uma hipérbole de sentires toca-me o todo: sinto-me elevada a um plano superior, onde a serenidade e a tranquilidade invadem-me o ser e calmamente, prenhe de uma paz interior, abandono-me nos braços de Morfeu e entrego-me aos deleites do sono, vigiado pelas ninfas inspiradoras que o guardam pela noite dentro.
A serenidade invadiu-me, sinto-a percorrer cada bocadinho meu, enquanto, vencida pelo cansaço, abandono-me na inconsciência do sono.
Adormeço, repleta de um bem-estar interior, pacificador de mim!