Quando se ocupam determinados cargos de chefia, há que ter bom senso, clareza de espírito, argúcia, inteligência e, acima de tudo, ser-se um bom estratega. O desempenho das funções inerentes a um cargo e a responsabilidade a ele subjacente deverão ser modelares para a defesa dos interesses da empresa e ou instituição e para a confiança que é desejável transmitir-se ao exterior.
Este preâmbulo surge a propósito da intervenção do governador do Banco de Portugal, Doutor Carlos Costa, durante um almoço com empresários na Câmara de Comércio Luso-Espanhola, quando defendeu que os mercados financeiros internacionais têm razões para ter dúvidas em relação a Portugal, devido ao desempenho orçamental do país e aos elevados níveis do défice e da dívida pública do país.
O que se questiona não é a veracidade de tais palavras, mas antes a falta de sentido de oportunidade demonstrada por alguém que deveria pesar as consequências que determinadas afirmações e tomadas de posição podem provocar. Há contextos e contextos e há que saber distinguir a altura ideal para as palavras certas.
Dada a instabilidade económica de Portugal e a desconfiança dos mercados internacionais que em nós recai, parece-me que este discurso peca por ser inoportuno.
Só faltava mesmo acrescentar que não vale a pena investir no nosso país pois está falido, desacreditado e não oferece qualquer segurança e confiança económica.
Convenhamos, há que se ter bom senso e perceber que o peso das palavras e as consequências que elas provocam variam consoante os contextos políticos e económicos em que são proferidas.
Parece-me que esta afirmação, vinda do responsável máximo pela instituição que encima o sistema bancário português, deixa muito a desejar e denota uma certa dose de ingenuidade.
Com "amigos" assim, os de “Peniche” ou da “Onça” são meros aprendizes!