O dia chegou ao fim embrenhando-se nas profundezas da noite. Lá fora, o vento tempestivo solta uivos de fúria que nem a doce madrugada consegue aplacar. As nuvens, de humor acinzentado, barafustam entre si, soltando lágrimas num pranto convulsivo, enquanto o ribombar dos trovões parece acompanhar a ira dos elementos.
Algures, num lugar sem nome nem forma, um Deus agastado abriu as comportas do céu e deixou que os raios prateados iluminassem a escuridão da noite fazendo companhia à chuva intensa que jorrava numa torrente contínua.
Lá fora a Natureza zangada parece não acalmar.
Lá fora a Natureza zangada parece não acalmar.
Aqui dentro, protegida da fúria enraivecida do vento e da chuva, enrosco-me, no quentinho dos lençóis, solto o pensamento ao encontro de ti, e adormeço.