Ontem, dia 12 de Março, fez-se História neste Portugal à deriva, sufocado, sorumbático.
Ontem, pela primeira, o que se pensava difícil ou mesmo impossível, aconteceu: a concentração de 200 mil pessoas em Lisboa e 80 mil no Porto.
O poder da Internet, através das redes sociais, como elo de ligação entre pessoas distanciadas no espaço e como canal de transmissão de informação, conseguiu mobilizar uma massa enorme de gente anónima que, unida num sentir comum, saiu à rua, disposta a mostrar aos órgãos do poder o descontentamento que a corrói e lhe consome o ânimo.
Ontem, as diferenças anularam-se entre os que se manifestaram na Avenida da Liberdade, em Lisboa, e em todos os outros locais deste Portugal, pequeno fisicamente, mas grande de alma.
Ontem, por entre rostos cansados, desgastados, preocupados com as políticas tomadas e com a falta de perspectivas futuras, ouviu-se um grito uníssono de anseio e esperança na mudança, um grito de quem apenas deseja sonhar e poder concretizar os sonhos que sonhou.
Ontem, em Portugal, fez-se História escrita com acção, emoção e convicção.