Sentada, na penumbra de um espaço acolhedor, aguardo que chegue a hora de uma reunião.
Em tantas horas de espera, há que saber ocupar o tempo da melhor maneira, ou melhor, há que saber rentabilizar o tempo, o que não é difícil nos dias de hoje, uma vez que a carga burocrática, associada ao ensino, agigantou-se de uma maneira tão assustadora que quase já não há tempo para haver tempo (confuso? Não!)
Bem, aqui, em compasso de espera, adiantei uma série de assuntos pendentes: preenchi uma resma de fichas (tanta papelada para ser arquivada…); preparei aulas; fiz um teste (sim, foi muito tempo a aguardar, acreditem!), sempre acompanhada pela “minha música” inspiradora e calma, num despertar de memórias adormecidas, carregadas de emoções e afectos.
Aqui, neste espaço repleto de silêncio e vazio, debruço o olhar pela vidraça salpicada de minúsculas gotículas da água da chuva.
Lá fora, o dia continua sorumbático, triste e choroso, pintado em tons frios, quase gélidos.
Aqui, resguardada na penumbra de um espaço simpático, recolho-me em pensamentos e imagens, escutando a voz do silêncio.
Em dias assim, amargurados e cinzentos, eu sou solidão e melancolia!