Há pouco, numa
nesga de tempo, entre as inúmeras rotinas domésticas, dei um pulito ao café e,
enquanto aguardava pelo pão quente que sairia do forno, entretive-me a ver TV. Na RTP 1, passava o Natal dos Hospitais.
Quando eu era
pequena, este dia era ansiosamente esperado, antecipadamente saboreado pelo
prenúncio da aproximação do Natal, pela certeza de uma tarde bem passada com o entretenimento
dos artistas mais acarinhados do público. Nesse dia, a criançada esquecia-se do bulício das brincadeiras e aquietava-se em frente ao ecrã da televisão a ver desfilar cantores, actores, cómicos, apresentadores envoltos no glamour próprio do mundo dos artistas.
O Natal dos Hospitais atravessou várias gerações na importância que significou.
Hoje, quase se dilui na imensa e apelativa programação oferecida pelas várias estações televisivas da concorrência e já não cativa nem crianças nem adultos. Perdeu a importância que outrora tivera.
Como tudo na vida, a relevância de um dado facto, substância ou ente, é relativa e depende da conjugação de vários factores.
O passado, quando se veste de presente, jamais se delineará com os contornos de antes.
É uma das certezas da vida.