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domingo, 4 de maio de 2014

Porque


 Particularmente, hoje, quando assistia à missa dominical, lembrei-me de um tempo em que, todos os domingos à tarde (a maior parte das vezes contrafeita), acompanhava o meu pai à missa.
Naquela altura o “ir à missa” era sentido como uma obrigação não obrigada (parece um contra-senso, mas não o é) e não uma escolha consciente, fruto da vontade alicerçada na compreensão do acto que se praticava. Mas ia por causa do meu pai.
Agora, reflectindo sobre aquele tempo, entendo que não lhe passaria despercebida aquela minha “má vontade” na prática desse ritual semanal e a importância que o mesmo viria a ter no meu crescimento como pessoa, na minha educação espiritual.
Por que me lembrei de tudo isto hoje? Porque foi Domingo, porque a minha filha aceitou ir à missa comigo, porque percebi o seu olhar distraído, os seus gestos vagos, a sua postura corporal (como eu me revi nela) e, acima de tudo, porque fez dezasseis anos que o meu pai nos deixou.
Deixou, mas não morreu, porque as sementes, com que, pacientemente, nos “lavrou”, germinaram, deram frutos e permanecerão.