Hoje acordei
cedo (por obrigação, não por escolha) e quando isso acontece o tempo dá para
quase tudo. Por isso, decidi sentar-me um pouco em frente a este ecrã e
escrever.
Sim, despertei para o dia com uma vontade imensa de escrever qualquer
coisa, qualquer coisa, qualquer coisa, das muitas que ocorreram desde a última
vez que aqui estive (ou pelo menos que me servisse de ponto de partida para a
inspiração, já que as ideias são pombas brancas esvoaçando no pensamento, agrilhoadas à liberdade).
A morte é sempre
desgostosa e quando surge do nada, sem se anunciar, nem dar indícios, envolve-nos
numa imensa tristeza, por vezes até perplexidade. Quando isto acontece, uma
força misteriosa e forte leva-nos a parar a agitação distraída em que vivemos e
pensamos e reflectimos e lembramos e tantos pensamentos se precipitam…
À medida que os
dias passam e distraidamente se estendem em meses e anos, apercebemo-nos de que
também mudamos com eles e passamos a perspectivar o que sucede de um outro modo:
diferente, talvez mais maturado, menos inflamado, mais pensado, mais crescido.
A aproximação ao
divino, a procura mística surgem como um processo natural do desenvolvimento do espírito. Talvez por isso ou também
por isso percebemos o quão pequeninos nós somos face à imensidão dos mistérios do
universo: ínfimas partículas, muitas vezes à deriva, buscando sentidos, razões,
explicações para o que não entendemos, para o que não controlamos, para o
mistério que também somos e a que pertencemos.
Nesta busca
pessoal, única e individual, a vida apresenta-se-nos como uma viagem de muitas
etapas, alguns obstáculos e inúmeras aprendizagens num percurso de
aperfeiçoamento e melhoria, de crescimento espiritual, de libertação (qual dama
fugidia e indomável que nos envolve em volúpias sensações) do que éramos para o
que podemos ser, do que queremos e (talvez mais importante) do que, de todo,
dispensamos, onde o erro é terapêutico porque impele à mudança, quando este ganha
consciência em nós.
Hoje, sem dúvida, brotou
em mim uma vontade imensa de me (des?) escrever em palavras:
afloradas de emoção,
perfumadas de afecto,
esculpidas na recôndita fragilidade de mim.